Rejeição de reeleição no Congresso e suas repercussões no STF

By | 13/12/2020 6:31 am

Fux se alinha contra Mendes e reeleições no Congresso ficam vedadas

(Jota Info)

 

A semana começa com a importante definição do STF no sentido de barrar uma interpretação da Constituição que permitiria aos presidentes da Câmara e do Senado disputarem uma reeleição para os seus respectivos cargos na mesma legislatura. Embora o texto constitucional seja claro na vedação a essa possibilidade, os ministros do STF ensaiaram uma releitura desse ponto. Mas, em julgamento virtual, a maioria dos ministros acabou se posicionando pela manutenção das regras, o que impede que Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre disputem as eleições internas em fevereiro. Após o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, votar a favor da possibilidade de reeleição, os votos finais acabaram definindo a decisão do STF no sentido contrário. Marco Aurélio Mello, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e o presidente da corte, Luiz Fux, divergiram de Mendes.

 

Decisão do STF que barrou brecha para reeleição no Congresso teve reviravolta após pressão pública

No Senado, a avaliação é a de que postura de Maia acabou por enterrar planos de Alcolumbre

(Julia ChaibThiago ResendeDaniel Carvalho, na Folha)

 

A reviravolta no placar que levou o STF (Supremo Tribunal Federal) a evitar um atropelo à Constituição, ao barrar a possibilidade de reeleição da atual cúpula do Congresso, foi influenciada pela opinião pública e da imprensa a respeito da mudança que o tribunal poderia autorizar.

 

A avaliação no Judiciário e no Legislativo é que, diante dessa pressão, os ministros Luiz Fux, que preside o Supremo, e Luís Roberto Barroso mudaram de posicionamento. ​Os dois haviam sinalizado a pessoas próximas que votariam para permitir a reeleição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

 

Mas o cenário passou a mudar no final de semana, depois de Fux e Barroso receberem diversas críticas por eventual voto em desacordo com a Constituição, que é expressa ao vetar a reeleição dos presidentes de cada Casa —isso só é permitido em legislaturas diferentes.

 

A Constituição proíbe os chefes das Casas de tentarem a recondução no posto dentro da mesma legislatura. A legislatura atual começou em fevereiro de 2019 e vai até fevereiro de 2023.

 

A decisão do STF, por maioria, barrou o plano de reeleição de Alcolumbre e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os últimos três votos — Fux, Barroso e Edson Fachin — foram publicados na noite deste domingo (6). Antes, a tendência do tribunal era permitir a recondução.

 

O placar ficou em 6 a 5 contra a reeleição de Alcolumbre, e 7 a 4 contra a de Maia.

 

Influenciou também nos votos, avaliam parlamentares, a briga por poder dentro do próprio STF. Caso Gilmar Mendes, relator do caso e que votou para permitir a reeleição da Maia e Alcolumbre, tivesse maioria a favor de seu relatório, ele sairia fortalecido do julgamento.

 

Com a virada no voto, Fux acabou demonstrando força na corte. Integrantes do Judiciário, porém, acreditam que esse julgamento acirrou as disputas de grupos dentro do Supremo.

 

No Senado, a avaliação é a de que a postura de Maia acabou por enterrar os planos de Alcolumbre. Se o deputado tivesse dito publicamente que não seria candidato, poderia ter reduzido a repercussão negativa da eventual decisão do Supremo de permitir uma reeleição ao comando de cada Casa.

 

COMO VOTOU CADA MINISTRO

A favor da reeleição de Maia e Alcolumbre

Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes

A favor da reeleição apenas de Alcolumbre

Kassio Nunes

Contra a reeleição de ambos

Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Luiz Fux

 

Voto de Fux gera ameaças ao andamento prático de sua presidência no STF

(Jota Info)

 

Os jornais desta terça-feira dão bastante repercussão à decisão do STF que barrou a reeleição para as presidências da Câmara e do Senado. As reportagens ressaltam, em especial, o aprofundamento das divisões internas no STF e um comprometimento da presidência do ministro Luiz Fux perante seus pares na corte. O cerne da questão está no que ministros relatam, reservadamente, ter sido uma traição de Fux e também do ministro Luís Roberto Barroso – ambos teriam se comprometido a apoiar a leitura da Constituição que permitiria a possibilidade de reeleição de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. A pressão da opinião pública, no entanto, teria alterado o posicionamento dos ministros, num movimento que decidiu a questão contra a possibilidade de reeleição.

 

Em O GLOBO, reportagem aponta que, “até sexta-feira, quando começou o julgamento sobre o tema no plenário virtual, alguns ministros da corte garantiram a colegas e também a Maia e Alcolumbre que se manifestariam na linha de que essa é uma questão interna corporis, ou seja, que deveria ser decidida no Congresso Nacional, abrindo caminho para a reeleição”. No VALOR ECONÔMICO, um dos ministros da corrente derrotada afirmou que Fux tem “consistência de uma nota de três reais”.

 

O VALOR também aponta que uma das consequências dessa votação é que Fux “pode ter dificuldades para aprovar emendas regimentais que lhe são caras, como a que cria a competência do plenário para julgar qualquer processo conexo às ações penais da Operação Lava-Jato – o que concentraria o poder em sua figura, consequentemente esvaziando o de Gilmar Mendes, presidente da Segunda Turma”. Na FOLHA DE S.PAULO, texto relata que, “em conversas reservadas, ministros falam em ‘inviabilizar o plenário’ caso discordem da pauta encampada por Fux e ameaçam se opor a medidas administrativas defendidas pelo presidente do Supremo.”

 

Na FOLHA, uma outra reportagem aborda a posição adotada pelo ministro Nunes Marques, recém chegado ao STF após indicação do presidente Jair Bolsonaro. Em seu voto, o ministro “agradou o Palácio do Planalto, mas o deixou isolado dentro do STF”, aponta o jornal. Isso porque, ao defender a reeleição de Davi Alcolumbre, mas vedar a de Rodrigo Maia, ele atendeu exatamente o que queria o governo. Mas, conforme a reportagem, “integrantes do Supremo avaliam que o ministro mais perdeu do que ganhou ao não se alinhar a nenhuma das duas correntes”.

 

No VALOR, reportagem trata do primeiro mês de Nunes Marques no STF e lembra que ele, “até agora, chamou mais atenção pelos julgamentos que interrompeu do que pelas decisões que tomou”. O jornal cita como exemplo de pedidos de vista a ação penal que discutiria, no plenário virtual, a gravidade do crime da “rachadinha”, pelo qual o senador Flávio Bolsonaro é investigado.

 

Comentário

Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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