Governo não tem plano estratégico contra a covid-19, diz TCU (com comentário nosso)

By | 27/12/2020 5:26 am

Auditoria do órgão aponta falhas

Falta articulação com Estados

Contratos não foram cumpridos

O TCU (Tribunal de Contas da União) acompanha as ações do governo federal no enfrentamento da pandemia desde marçoSérgio Lima/Poder360 – 11.nov.2020

PODER360

Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que, até o momento, o Ministério da Saúde não tem um plano estratégico para o enfrentamento da covid-19.

O tribunal acompanha as ações do governo no controle da pandemia desde março. Essa é a 5ª avaliação feita pelo TCU.

O documento (íntegra – 3 MB) apresentado agora foi elaborado pela SecexSaúde (Secretaria de Controle Externo da Saúde) e anexado ao processo sob a relatoria do ministro Benjamin Zymler.

O órgão afirma que não existe planejamento “minimamente detalhado” por parte do governo federal. Segundo o tribunal, entre os problemas estão a falta de entrega de EPIs (equipamentos de proteção individual), respiradores, kits de testes e descumprimento de prazos estabelecidos em contratos.

O documento aponta que representantes do Ministério da Saúde não teriam compreendido como função da pasta a articulação com os governos estaduais e municipais.

O tribunal diz que a pasta deve recorrer caso não entenda como sua função a elaboração de planos tático-operacionais. Caso contrário, estará descumprindo determinações do TCU, sem justificativa, o que acarretaria na “responsabilização dos gestores do ministério”.

A auditoria mostra como um dos exemplos de problemas nas ações da Saúde a aquisição de seringas e agulhas para as vacinas contra a covid-19.

De acordo com o TCU, a pasta abriu processo para a aquisição de 300 milhões de unidades do material. Onze Estados, no entanto, também disseram que iriam comprar 150 milhões de unidades dos mesmos itens.

A CGU (Controladoria Geral da União), segundo o tribunal, alertou que não havia documentos para embasar a demanda do material pelos Estados. Também não havia um cronograma de entregas.

Os técnicos manifestaram preocupação com o possível descompasso entre o fornecimento das doses de vacinas e a data de entrega das seringas e agulhas.

O desabastecimento de medicamentos usados na intubação de pacientes ainda não foi solucionado, de acordo com o tribunal. Os auditores disseram que existem entraves na compra de analgésicos e respiradores.

O TCU ressalta que existe um estoque de respiradores no almoxarifado da Saúde em Guarulhos (SP). A assessoria do Ministério da Saúde afirma que não poderia informar a quantidade de aparelhos no local “por questões de segurança”, mas que o material pode ser solicitado pelas secretarias de saúde estaduais e municipais.

De acordo com o tribunal, prazos de diversos contratos não foram cumpridos. Um deles, assinado em 26 de março, previa que, em 15 dias corridos, seriam entregues 20 milhões de máscaras cirúrgicas. Só 3 milhões tiveram a destinação concluída até setembro.

Outro contrato previa a entrega de outras 200 milhões de máscaras cirúrgicas em até 30 dias da 1ª remessa, em 26 de abril. Estados e municípios receberam apenas 77% desse material.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que está viabilizando a compra de seringas, agulhas e EPIs. A pasta diz que repassa recursos para que Estados comprem os itens, mas que, em razão da pandemia, realiza excepcionalmente a aquisição de forma centralizada.

A pasta diz ainda que divulga semanalmente o número atualizado de ventiladores pulmonares distribuídos.

Os itens no estoque em Guarulhos estão à disposição de pedidos oficiais de secretários de Saúde municipais e estaduais, desde que atendam critérios objetivos determinados por esta pasta para a distribuição dos equipamentos, assim como a avaliação do cenário epidemiológico.

 

Opinião do programa – Este relatório do Tribunal de Contas da União, um órgão oficial de grande responsabilidade dá conta da irresponsabilidade com que o Governo Federal trata a questão da pandemia da COVID 19. Enquanto muitos outros países já começaram a vacinar os seus habitantes, conscientes da importância da vacina para o combate da doença, o Governo Brasileiro ainda nem sabe quando nem como começa a vacinar no país, um dos maiores do mundo.

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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