(Luiz Gonzaga Lima de Morais)
Há duas palavras ou expressões cujo uso tem me incomodado nos últimos tempos. Problemática e “in memoriam”. São de uso muito frequente nos textos jornalísticos e, geralmente, mal utilizados. Muitos colegas os usam sem saber o que estão dizendo. Problemática é utilizado como se fosse a mesma coisa de problema, mas problemática na realidade é uma espécie de coletivo de problemas. Ou seja a “problemática do lixo”, por exemplo, seria uma série de problemas ligados ao lixo. Como o recolhimento em casa, a coleta ou “ajuntamento” pelos garis, a seleção pelos trabalhadores que o aproveitam, o depósito em lixões ou aterros sanitários e os problemas decorrentes de um e outro. A pandemia é um problema, com toda uma problemática ligada a ela. E o problema da pandemia só será resolvida se toda a problemática da pandemia for resolvida, desde a prevenção, passando pelas medidas para evitá-la, pelos testes, pelos tratamentos ainda no início, pelos internamentos, pelo isolamento posterior ou sepultamentos e assim por diante.
Outra expressão mal utilizada é “in memoriam”. Não é sinônimo de falecido, de morto. Tem um sentido quase que de “homenagem póstuma” ou de memorável, inesquecível, de boas lembranças. Um escritor, por exemplo, lança um livro “in memoriam” de um bem feitor, de um professor que ele não esquece, de um grande nome da literatura e faz uma dedicatória “in memoriam” daquela pessoa.
Quando vou ler nos meus programas um obituário, geralmente substituo o “in memoriam” já que por desconhecer muitos dos citados, nem sempre sei se eles deixaram boas lembranças.
A ideia de incluir a expressão neste artigo me surgiu por conta de um comentário feito por um internauta a uma notícia divulgada nas redes sociais. O internauta criticava o redator da notícia por se referir a um dos citados nela com expressão “in memoriam”, quando segundo o internauta a pessoa citada não deixara uma boa lembrança. O internauta tem razão sobre o sentido da expressão. Mas não serei eu que vou julgar aqui quem tem razão no uso feito no caso atual, se o colega jornalista ou o internauta, ´por isso para evitar polêmicas deste tipo, cada vez mais, vou restringir a reprodução de tal expressão. nos textos que ler ou divulgar no programa.