(Murilo Fagundes, no Poder360)
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta 5ª feira (14.jan.2021) que a situação de agravamento da pandemia de covid-19 no Amazonas se deve a 3 fatores. O 1º, de acordo com ele, é o ciclo sazonal e o período chuvoso. O 2º, Manaus não teve “efetiva ação” no tratamento precoce. E, por fim, o 3º: a infraestrutura hospitalar de atendimento especializado é bastante reduzida. A declaração foi feita na live semanal nas contas oficiais do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
“Se juntar esses 2 fatores e colocar o clima, você vai ter uma grande procura por estrutura e por tratamento especializado. Nesse modelo, têm duas grandes faltas: recursos humanos e oxigênio”, disse o ministro.
Pazuello diz considerar que há um “colapso” na região. “Considero que, sim, há um colapso hoje no atendimento da saúde em Manaus. A fila para leito cresce bastante, hoje estamos com 480 pessoas na fila, e há diminuição da oferta do oxigênio”, disse.
Para Pazuello, a administração de medicamentos sem eficácia científica comprovada, o que chama de tratamento precoce, teria contido a alta de casos e mortes no Estado do Norte. “Manaus não teve a efetiva ação no tratamento precoce com diagnóstico clínico no atendimento básico e isso impactou muito a gravidade da doença”, disse, ao lado do presidente.
Na 3ª feira (12.jan), o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo federal precisou intervir em Manaus (AM), porque “não faziam tratamento precoce” na cidade. Dias depois de o ministro Pazuello visitar a cidade e anunciar um plano de contingência para o Amazonas, o Estado continua vivendo um avanço nos números de infectados e mortos pela covid-19. Quando esteve lá, na 2ª feira (11.jan), o ministro participou da entrega de 10 leitos de UTI e 118 leitos clínicos no Hospital Universitário Getúlio Vargas.
Em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro disse que “a Força Aérea Brasileira participa de um mutirão, enviando cilindros de oxigênio para Manaus”. O ministro Eduardo Pazuello afirmou que serão enviadas 6 aeronaves à cidade.
“Estamos com a 2ª aeronave hoje, entrando em circuito a C-130 Hércules, fazendo o deslocamento Guarulhos-Manaus e, a partir de amanhã, entram mais 2 aeronaves. Chegaremos a 6 aeronaves no circuito, totalizando algo em torno de 30 mil m3 de transporte a partir de Guarulhos”, disse o chefe da pasta.
O governo Brasileiro também recorreu à Embaixada dos Estados Unidos em busca de ajuda para levar cilindros. A informação foi confirmada pela representação do país norte-americano no Brasil.
Nossa opinião – Com relação aos dois primeiros fatores alegados pelo Ministro como determinantes da crise do Amazonas, ambas são realmente importantes: a questão do clima e a falta de tratamento precoce. Esta última e a terceira devidas certamente à precariedade da rede de atenção básica de Manaus e do Estado como um todo. Mas o fato de ter tomado conhecimento da situação precária do atendimento e da falta de insumos no Estado e não tomar imediatamente nenhuma providência torna-o culpado da situação a que se chegou. Da precariedade antiga da saúde pública em Manaus, tenho o testemunho de meu filho Bruno, que por dois anos trabalhou naquela região e nos reportava a precariedade da assistência médica em Manaus, um dos motivos para fazê-lo pedir transferência para o seu posto atual em Londrina. Ele próprio teve um problema de saúde e apesar de ter plano de saúde teve dificuldades para obter atendimento em Manaus.