Vacina da Pfizer autorizada para venda na rede particular

By | 23/02/2021 12:42 pm

Anvisa aprova registro definitivo da vacina da Pfizer no Brasil

É o primeiro imunizante a ter autorização para uso em massa no País e poderá ser comprado pela rede particular

(Mateus Vargas, O Estado de S.Paulo, 23 d e fevereiro de 2021 | 09h45, Atualizado 23 de fevereiro de 2021 | 11h57)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro definitivo no Brasil da vacina produzida pela Pfizer. É o primeiro imunizante a ter autorização para uso em massa no País – a Coronavac e a de Oxford/AstraZeneca, por enquanto, só possuem aval para uso emergencial, o que permite a aplicação na campanha de imunização do SUS enquanto durar a pandemia.

O governo brasileiro, porém, ainda negocia a compra da vacina da Pfizer. A proposta mais recente é de 100 milhões de doses, sendo que as primeiras 8,71 milhões seriam entregues até julho. O restante, entre outubro e dezembro deste ano. Há divergências, porém, em relação a cláusulas impostas pela farmacêutica, como a previsão de que a União assuma riscos e custos de efeitos colaterais dos produtos – mesma exigência feita a outros países e pela farmacêutica Janssen. Como revelou o Estadão, um artigo para destravar justamente essas compras chegou a ser sugerido pelo Ministério da Saúde em discussões para elaboração da MP 1026/2021, mas foi excluído da versão final do texto, publicada em janeiro.

A partir de agora, com o registro definitivo, além do governo, laboratórios particulares poderão adquirir o imunizante. Nos bastidores, representantes da empresa já disseram que as chances de venda à iniciativa privada ou até mesmo a prefeitos e governadores são mínimas neste momento. Além de as doses estarem sendo disputadas por diversos países, a companhia mira em um contrato de larga escala com o SUS.

Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um projeto será analisado na Casa para prever as regras de aquisição de vacinas contra a covid-19 por parte de Estados, municípios e empresas privadas. Como contrapartida, todos deverão cumprir as prioridades previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI). O texto também vai permitir à União assumir riscos na compra de vacinas importadas. A Câmara deve votar nesta terça-feira, 23, parecer sobre a MP 1026, que também prevê autorização de venda ao setor privado, com a exigência de doação de metade das doses ao SUS enquanto durar a imunização de grupos prioritários.

A aprovação da vacina da Pfizer foi comunicada em nota pelo presidente da agência, Antonio Barra Torres, na manhã desta terça-feira, 23. Segundo ele, a análise se deu em 16 dias, prazo bem abaixo dos dois meses previstos. O registro definitivo só é concedido a vacinas que têm estudos completos de desenvolvimento. No caso da Pfizer, parte da última etapa de pesquisa, a “fase 3”, foi realizada no País. A decisão é tomada pela área técnica da agência e não precisa passar por votação da diretoria colegiada, como ocorre na análise de uso emergencial de imunizantes.

Em nota, a Pfizer informou que o registro permite o uso da vacina para pessoas acima de 16 anos, com esquema de duas doses e intervalo de 21 dias entre as aplicações. O imunizante tem eficácia global de 95%. Para a população acima de 65, alcança 94%, segundo avaliou a Anvisa. “Esperamos poder avançar em nossas negociações com o governo brasileiro para apoiar a imunização da população do país”, declarou Marta Díez, presidente da Pfizer Brasil, por meio do comunicado.

Por meio de sua assessoria, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) disse que clínicas privadas têm interesse em comprar “qualquer imunizante” com registro na Anvisa, mas que a última posição da Pfizer à entidade é de que o setor público será priorizado.

Negociação

Desde meados de 2020 o governo negocia a compra de doses de vacinas da Pfizer. Nesta segunda-feira, 22, em reunião com senadores, um representante da Pfizer disse que só Brasil, Argentina e Venezuela negaram acordo com a empresa por rejeitarem exigências feitas pelo laboratório.

Após o encontro, Pacheco afirmou que iria sugerir à Câmara acrescentar no parecer da MP 1.026/21, que trata sobre a aquisição de imunizantes, um artigo que facilita a compra da vacina da Pfizer. O Senado também deve votar um projeto para criar, entre outros pontos, uma espécie de tribunal de arbitragem para discutir eventuais questionamentos sobre efeitos colaterais das vacinas. A ideia é tentar resolver na esfera administrativa esses processos e evitar a judicialização. O projeto seria um complemento à emenda sugerida na MP.

A resistência do governo à compra da vacina da Pfizer foi tornada pública pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Em nota de 23 de janeiro, a pasta disse que comprar esta vacina seria uma conquista de “marketing, branding e growth” para a Pfizer, mas causaria “frustração em todos os brasileiros”, porque a oferta de doses seria pequena – o laboratório chegou a oferecer 70 milhões de vacinas, com entrega a partir de dezembro de 2020.

Já Bolsonaro, no fim do ano passado, ironizou as condições impostas pelo laboratório. “Lá no contrato da Pfizer está bem claro: ‘Não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema de você’”, disse o mandatário.

Leia a íntegra da nota da Anvisa:

Como Diretor-Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, informo com grande satisfação que, após um período de análise de dezessete dias, a Gerência Geral de Medicamentos, da Segunda Diretoria, concedeu o primeiro registro de vacina contra a Covid 19, para uso amplo, nas Américas.

O imunizante do Laboratório Pfizer/Biontech teve sua segurança, qualidade e eficácia, aferidas e atestadas pela equipe técnica de servidores da Anvisa que prossegue no seu trabalho de proteger a saúde do cidadão brasileiro.

Esperamos que outras vacinas estejam em breve, sendo avaliadas e aprovadas.

Esse é o nosso compromisso.

Nosso opinião – Com isso em breve poderemos ter a vacina da Pfizer sendo oferecidas nas clínicas para quem esteja disposto a pagar por ela. Não se sabe ainda qual o valor será cobrado pela aplicação da vacina.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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