Bolsonaro demorou a providenciar a compra de vacinas e agora “corre atrás do prejuízo”

By | 05/03/2021 3:18 pm

Governo fala em vacina para 100% em 2021, mas só tem garantidas 2/3 das doses

atualizado: 04.mar.2021 (quinta-feira) – 21h16)

Esta reportagem foi atualizada às 21h15 para inserir novos números do cronograma divulgado pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.


Poder360 obteve nesta 5ª feira (4.mar.2021) o novo cronograma do governo federal com detalhamento de prazos para o recebimento de vacinas contra a covid-19. O planejamento mostra pela 1ª vez doses suficientes para imunizar toda a população ainda neste ano.

O governo espera ter 593 milhões de doses até o fim de 2021, mas 198 milhões são de imunizantes ainda não aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou ainda sem contrato fechado, o que corresponde a 1/3 do total.

O quadro do governo fala em 23,3 milhões de doses da CoronaVac em março. O Poder360 apurou, entretanto, que serão no máximo 16 milhões de doses neste mês. Tudo considerado, há mais desejo do que realidade confirmada nas contas preparadas pelo governo.

O mais provável é que o cronograma federal exagere um pouco no otimismo. Em relação à versão anterior do plano, já são previstas 10 milhões de doses a menos para março. O Instituto Butantan já frustrou planos do governo ao não entregar as doses de CoronaVac esperadas em fevereiro.

Se todos os contratos forem assinados e as vacinas aprovadas, o governo terá 593 milhões de unidades até janeiro de 2022. Como a vacina da Jannsen precisa de apenas de uma dose, sobrariam 204 milhões caso toda a população (213 milhões) seja vacinada. O número excedente supera a margem de perda de imunizantes (por causa da quebra de frascos, do mau uso ou de armazenamento indevido), calculada pelo Ministério da Saúde, que é de 5%.

 

SAÚDE CONFIRMA INTENÇÃO DE COMPRA DE DOSES DA PFIZER

O Ministério da Saúde anunciou, nessa 4ª feira (3.mar.2021), que pretende comprar todas as doses de vacinas contra covid-19 que a Pfizer e a Janssen estiverem dispostas a negociar com o Brasil. Bolsonaro disse que serão “alguns milhões”.

O ministro Eduardo Pazuello divulgou vídeo de uma reunião com representantes da Pfizer confirmando a negociação. Assista (1min23s):

A gestão do presidente Jair Bolsonaro recusou, em janeiro, a compra de 2 milhões de doses do imunizante. No mesmo mês, Pazuello, reclamou das condições de compra do laboratório:

Todos já sabem das cláusulas da Pfizer. Eu acho que eu não preciso repetir, mas eu vou ser sucinto: isenção completa de responsabilidade por efeitos colaterais de hoje ao infinito. Simples assim”, disse o ministro em 11 de janeiro.

Ambas as fornecedoras informaram em 22 de fevereiro que não aceitariam as exigências feitas pelo governo federal para vender suas vacinas contra covid-19 ao Brasil.

A Pfizer é a única vacina com registro definitivo aprovado pela Anvisa. Atualmente, a vacina da Pfizer é aplicada em 69 países. O Brasil foi o 3º a conceder o registro definitivo ao imunizante.

Já a vacina da Janssen (empresa farmacêutica da Johnson & Johnson) não solicitou a aprovação de uso no Brasil –nem em caráter definitivo, nem em caráter emergencial. É a mesma situação da vacina indiana Covaxin, que recentemente fechou contrato para vender 20 milhões de doses ao governo federal.

NOVO CRONOGRAMA

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, apresentou uma nova estimativa de entrega de doses nesta 5ª feira (4,mar), em sessão do Senado. De acordo com o documento, o governo federal negocia 13 milhões de doses da Moderna ainda em 2021 e mais 50 milhões até o final de janeiro de 2022. Eis a íntegra (431 KB).

No documento divulgado por Elcio, consta que as primeiras 1.000 doses devem ser entregues até o final de julho.

 

Nossa opinião – O Brasil cuidou tarde da aquisição das vacinas, com Bolsonaro dizendo que o interesse de vender era das farmacêuticos e agora está quebrando a cabeça para conseguir vacinar todo mundo até o final do ano, o que talvez não vá conseguir. E daqui a pouco, “pelo andar da carruagem”, vão estar morrendo mais de duas mil pessoas por dia. Sem leitos hospitalares e de UTI para acolher todo mundo.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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