A economia já ia mal o que agora se agrava com a má condução da saúde. Onde vamos parar?

By | 07/03/2021 10:54 am

Real só não se desvaloriza mais do que moedas do Sudão, Líbia e Venezuela

Considera variação em 2021

Perdeu 8,6% ante o dólar

Em 2020, a divisa foi a 6ª pior

Em 2021, o real perdeu 8,6% em valor em comparação com o dólarSérgio Lima/Poder 360

(Hamilton Ferrari, no Estadão)

O real só não se desvalorizou mais do que as moedas do Sudão, Líbia e Venezuela em 2021. Perdeu 8,6% em valor em comparação com o dólar. É o que mostram dados de relatório produzido pela Austin Rating. Eis a íntegra (373 KB).

A moeda do Sudão (Nova Libra Sudanesa) foi a que mais desvalorizou: -85,3% no ano. Em seguida, aparecem o Dinar, da Líbia (-70,1%), e o Bolivar Soberano, da Venezuela (41,9%). Em 2020, a divisa do Brasil foi a 6ª pior.

Em 2021, o real perdeu mais valor do que o peso argentino, que tombou 6,9% em comparação com a moeda dos Estados Unidos.

De acordo com a Austin Rating, a desvalorização do câmbio do Brasil é um efeito de carry trade, que significa o diferencial da taxa de juros pagas nos títulos dos EUA e as cobradas nos títulos brasileiros com o mesmo vencimento. Há um temor no mercado financeiro de que haja uma piora das condições fiscais do país, com uma expansão maior do que o esperado da trajetória da dívida.

Os operadores acompanham a tramitação de reformas, principalmente a PEC (proposta de emenda à Constituição) emergencial, que permite a redução dos gastos obrigatórios em momentos de aperto orçamentário. Mais de 90% das despesas do Brasil são carimbadas –não estão sob controle do governo.

Em 2016, para sinalizar o ajuste fiscal ao mercado, o Congresso aprovou a Emenda Constitucional do teto dos gastos, que evita que o custo da máquina pública fique acima da inflação. O orçamento do Brasil está no vermelho –gastos superam receitas– desde 2014. Qualquer tipo de movimento que coloque a regra sob risco provoca turbulência nos ativos financeiros, como foi registrado nos últimos dias.

Além da pauta política, os economistas analisam o desempenho da atividade econômica com a 2ª onda de covid-19 e os anúncios de lockdown nos Estados. Em 2020, o PIB (Produto Interno Bruto) do país recuou 4,1%, a maior queda em 24 anos. Segundo o Boletim Focus, que divulga projeções dos analistas do mercado, o Brasil deve crescer 3,29% neste ano em comparação com 2020, dada a forte retração do ano passado.

A pandemia de covid-19 e as medidas de distanciamento social podem piorar as projeções dos analistas, diminuindo o ritmo de recuperação da economia. Além disso, existe a necessidade do Copom (Comitê de Política Monetária) em aumentar a taxa básica Selic para controlar a inflação.

Atualmente, os juros estão em 2% ao ano, o menor nível de estímulo da história. O Itaú Unibanco estima que a Selic ficará em 5% ao ano. A próxima reunião do comitê será em 16 e 17 de março. Os operadores aumentaram as apostas para que a Selic suba em, pelo menos, 0,25 ponto percentual (para 2,25% ao ano).

INFLAÇÃO NA MIRA

O risco de inflação elevada e o crescimento baixo, potencializados pela fragilidade fiscal do Brasil, explica parte da desvalorização do real. A moeda brasileira se descolou dos países emergentes.

Segundo a Austin Rating, de março de 2020 até esta 6ª feira (5.mar.2021), o real desvalorizou 21% e a cesta de 16 outras moedas de países emergentes (que respondem por 30,1% do PIB global) valorizou 0,3%. Destaca-se o Peso Chileno (+10,6%) e do Renminbi Chinês (7,2%).

O dólar alto, o preços dos combustíveis caros –num país que depende da malha rodoviária– e o novo auxílio emergencial tendem a aumentar a inflação. Projeções de economistas indicam que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) anual pode rodar próximo de 7%, bem acima do teto da meta de 2021, de 5,25%.

Os juros mais altos são o remédio mais ortodoxo contra a inflação e a desvalorização da moeda, mas há um efeito colateral, que é o encarecimento da dívida pública. O estoque chegou a R$ 6,670 trilhões, o que corresponde a 89,7% do PIB (Produto Interno Bruto).

Mesmo com queda menor do PIB em 2020 em relação aos seus pares e reserva em dólar robusta, o real teve um desempenho pior do que outras moedas.

Nossa opinião – Mal conduzido na Saúde e na Economia onde será que nós vamos parar? A desculpa de algumas autoridades pela situação econômica é a pandemia. Se estamos sendo mal conduzidos na Saúde, estamos às vésperas de um desastre de difícil recuperação. Por enquanto estão sendo tomadas algumas medidas na área econômica que são apenas paliativos. E o país não suportará as despesas de auxílio emergencial e ajudas a empresas e trabalhadores por muito tempo. Se continua assim vai ser uma quebradeira geral. E termina sobrando para os trabalhadores. Os servidores públicos já estão ameaçados de pagar a sua parte com uma redução de vinte e cinco por cento nos seus salários. Onde iremos parar se já estávamos com os salários praticamente congelados a vários anos? Quero ver com que desculpas e promessas vão aparecer diante do povo nas próximas eleições. Não só o presidente como os parlamentares que estão fazendo tudo aquilo que o governo quer. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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