Ao ‘Estadão’, governador reconhece que pode abrir mão do plano presidencial por novo mandato no Estado; ‘Diante deste novo quadro da política brasileira, nada deve ser descartado’
(Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo)
Antes refratário à ideia de disputar a reeleição em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) admite agora abrir mão do projeto presidencial para concorrer a mais um mandato no comando do Estado em 2022. Em recente conversa com o Estadão, Doria foi questionado se mantinha a determinação de não concorrer a mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes. “Diante deste novo quadro da política brasileira, nada deve ser descartado”, respondeu o governador. É a primeira vez que o tucano admite a hipótese claramente.
O governador costumava enfatizar que, por princípio, era contra a reeleição. Também em entrevista ao Estadão, em novembro de 2020, ele afirmou de forma contundente que não disputaria um novo mandato. O cenário mudou muito entre as duas declarações.
No fato mais recente, a anulação das condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato – que restabeleceu seus direitos políticos – projeta uma polarização entre ele e o presidente Jair Bolsonaro em 2022, o que tende a estreitar o espaço para candidaturas.
O otimismo que reinava no Palácio dos Bandeirantes em janeiro, quando foi aplicada a primeira vacina do Brasil em São Paulo, deu lugar à preocupação com o desgaste político causado pela adoção de medidas mais restritivas para combater a pandemia do coronavírus. Nas mais recentes pesquisas sobre o cenário eleitoral de 2022, Doria aparece em desvantagem em relação aos mais cotados para chegar a um eventual segundo turno.
Nossa opinião – Com Lula fora do páreo, lideranças de centro e centro esquerda vislumbravam as chances de um candidato de centro ou centro-esquerda, tipo Dória ou Huck, conseguir o apoio de partidos de esquerdas e polarizar com Bolsonaro. Agora com a possibilidade Lula ser candidato, a tendência é o ex-presidente polarizar com Bolsonaro tirando qualquer possibilidade qualquer chance de um candidato de centro, motivo pelo qual Dória já admitir a desistência a uma candidatura à presidência para tentar se reeleger governador de São Paulo, hipótese que ele não admitia antes. (LGLM)