Ainda bem que até o Centrão está mostrando que tem mais juizo do que o presidente.

By | 20/03/2021 7:58 am

Parlamentares criticam ofensiva de Bolsonaro contra restrições e veem interesse eleitoral

 

(Maria Carolina Marcello, na Reuters)

A ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra medidas de restrição impostas por governadores e prefeitos para conter o avanço da Covid-19 gerou críticas entre os parlamentares, que apontaram excesso e interesse eleitoral na movimentação.

Bolsonaro anunciou na véspera que investiria em duas frentes contra as medidas, uma no Congresso Nacional e outra no Supremo Tribunal Federal (STF).

À maior instância do Judiciário no país, apresentou ação para suspender os efeitos de decretos de governadores que determinaram novas restrições, inclusive toque de recolher. E ao Legislativo, avisou que encaminharia projeto de lei para definir quais são as atividades essenciais aptas a funcionar durante a pandemia.

Em conversa com apoiadores nesta manhã, o presidente criticou novamente as medidas restritivas que, no entender dele, estariam usurpando a Constituição ao “retirar o direito de ir e vir das pessoas”, medida que só poderia ser adotada mediante decretação de estado de sítio ou de defesa. Nesses casos, disse Bolsonaro, o Congresso Nacional tinha de ser ouvido.

A menção ao estado de sítio acendeu o alerta de parlamentares.

“Não há mínima razão fática, política e jurídica, para sequer se cogitar o estado de sítio no Brasil. Volto a dizer que o momento deve ser de união dos Poderes e ações efetivas para abertura de leitos, compras de medicamentos e vacinação”, afirmou em nota o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

 

Em tom mais crítico, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), lembrou que eventual edição de estado de sítio teria de ser analisada pelo Congresso.

“Há muitos fantasmas empoleirados pedindo restalecimento da ordem e até o estado de sítio. Apesar do governo, o povo brasileiro está em ordem, e estado de sítio é uma decisão que cabe ao Congresso, não ao presidente”, tuitou a senadora.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou também pela rede social que “nenhum país aguenta tanto tempo de tanta irresponsabilidade nas mãos de um inconsequente”, em referência a Bolsonaro.

“Ao acionar o STF para acabar com as medidas de restrição, e enviando um PL ao Congresso para determinar o que é atividade essencial ou não, o presidente quer as instituições contra ele para reforçar sua falsa narrativa de eterno perseguido”, avaliou Maia, acrescentando que Bolsonaro “dobra a aposta da irresponsabilidade e irracionalidade, jogando governadores e prefeitos na cova dos leões”.

O vice-líder do bloco que deu sustentação à eleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara, deputado Fábio Trad (PSD-MS), considerou o “flerte” de Bolsonaro com a decretação de estado de sítio um “claro ensaio à ditadura” e defendeu reação dos demais Poderes.

“Ao acionar o STF para atacar o primado da ciência contra governadores que lutam sem demagogia contra o aumento do contágio, Bolsonaro se afunda na obsessão por 2022 mesmo sabendo que sua ação pode multiplicar o número de mortes de brasileiros. Para ele, voto vale mais que a vida”, tuitou o deputado.

Nossa opinião – Ainda bem que até os parlamentares do Centrão estão mostrando ter mais juízo do que Bolsonaro. E espero que a maioria da população também tenha mais juízo.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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