Comitê proposto por Bolsonaro já nasce suspeito, ao insistir na defesa do tratamento precoce, ou seja, na prescrição de “meizinhas”, sem comprovação científica de eficácia!

By | 24/03/2021 4:22 pm

Bolsonaro anuncia comitê com o Congresso, mas insiste no ‘tratamento precoce’

Tratamento defendido pelo presidente envolve remédios e métodos que, de acordo com a ciência, não têm eficácia. No auge da pandemia, Bolsonaro, governadores e chefes de poderes se reuniram para discutir ações.

(Guilherme Mazui, G1 — Brasília, 24/03/2021 10h51  Atualizado há 2 horas)

 

Após reunião na residência oficial do Palácio da Alvorada com governadores, ministros e chefes de poderes, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um comitê em parceria com o Congresso para definir medidas de combate à pandemia de Covid-19. Ainda de acordo com Bolsonaro, caberá ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), levar ao comitê as demandas dos governadores.

“Resolvemos, entre outras coisas, que será criada uma coordenação junto aos governadores, com o senhor presidente do Senado Federal. Da nossa parte, um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus”, afirmou o presidente em um breve pronunciamento após o encontro, ao lado dos governadores, ministros e chefes de poderes.

-O presidente disse também que, na reunião, discutiu o que ele chama de “tratamento precoce”. O método prevê a utilização de medicamentos defendidos pelo presidente, mas que não têm eficácia contra a Covid-19, de acordo com pesquisas científicas internacionais.

“Tratamos também de possiblidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label tratar os infectados”, argumentou Bolsonaro.

Vida ‘em primeiro lugar’

O presidente disse ainda que defende “a vida em primeiro lugar”. Desta vez, ao contrário de suas falas habituais, Bolsonaro não equiparou a manutenção de empregos à vida na categoria de prioridade.

A reunião entre Bolsonaro, governadores, ministros e chefes de poderes ocorre em um momento em que o Brasil chega perto da marca de 300 mil mortos por Covid-19, desde que a pandemia começou, há pouco mais de um ano.

O país vive o momento mais grave da pandemia, com sucessivos recordes diários de número de mortes e de novos casos. Os sistemas de saúde nos estados estão sobrecarregados, com filas nas UTIs e ameaça de falta de oxigênio hospitalar e de insumos para intubação de pacientes.

Isolamento social

Em nenhum momento de seu pronunciamento, Bolsonaro falou de medidas de isolamento social, defendidas por especialistas como fundamentais para conter o descontrole do contágio, como é o caso atual da pandemia no Brasil.

Bolsonaro é um crítico de medidas de isolamento adotadas nos estados e, nos últimos dias, tentou, sem sucesso, barrar algumas delas na Justiça.

O tema do isolamento, no entanto, foi defendido pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que também fez um pronunciamento após a reunião. Ao lado de Bolsonaro, ele ressaltou a importância de restringir a circulação de pessoas.

“Pedir a todos que entendam que em situações delicadas e críticas muitas vezes se faz necessário o isolamento social”, disse o governador.

Os governadores presentes à reunião não são opositores declarados do presidente. Além de Caiado, participaram Wilson Lima (Amazonas), Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Júnior (Paraná), Marcos Rocha (Rondônia), Renan Filho (Alagoas).

Vacinação

Em sua fala, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a articulação entre União, estados e municípios vai ajudar a agilizar a vacinação e diminuir os efeitos da pandemia.

“A conclusão é o fortalecimento do SUS, articulado nos três níveis, União, estados e municípios, para prover à população brasileira, com agilidade, uma campanha de vacinação que possa atingir uma cobertura vacinal capaz de reduzir a circulação do vírus”, afirmou o ministro.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, prestou em solidariedade às famílias enlutadas e agradeceu aos profissionais de saúde pelo trabalho realizado.

Fux explicou que o Judiciário, por ter a prerrogativa de “aferir a legitimidade dos atos que serão praticados” pelos governantes, não poderá participar diretamente do comitê. Contudo, o Judiciário vai trabalhar em estratégias para evitar disputas desnecessárias na Justiça.

“Como esses problemas da pandemia exigem soluções rápidas, nós vamos verificar a estratégias capazes de evitar a judicialização, que é o fator de demora na tomada dessas decisões”, disse.

Pacheco afirmou que o momento da pandemia exige a união entre os poderes da República e a população, o que, para ele, significa um pacto nacional liderado por Bolsonaro.

“Essa união significa um pacto nacional liderado por quem a sociedade espera que lidere, que é o senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, já com a compreensão de que medidas precisam ser urgentemente tomadas”, disse o presidente.

O senador também declarou que o pacto deve ter uma atuação ”técnica, contundente e urgente” do Ministério da Saúde.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), frisou a necessidade de “despolitizar a pandemia” e de “desarmar os espíritos” para tratar de um problema nacional.

O deputado também citou a importância de uma linguagem unificada para repassar informações à população. Ele deseja que o país tenha “um único discurso, uma única orientação nacional conduzida também pelo Ministério da Saúde”.

Nossa opinião – A ideia de comitê em que se discutam todas as medidas a serem tomada no combate à pandemia é sim é boa. Mas já nasceu maculada por dois fatos. Um, na contramão do que se entende em todo o mundo, Bolsonaro insiste no tratamento precoce da COVID 19 o que tem sido reprovado por cientistas de todo o mundo. Por outro lado, ao convocar a reunião que decidiu pela criação do comitê, convidou apenas seis governadores, deixando de fora vinte e um outros governadores, justamente os que não concordam com a maneira canhestra como ele vem comandando o combate à pandemia, fazendo questão de um Ministro da Saúde que só faz o que ele quer e manda.

Embora em sua fala, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tenha dito que “a articulação entre União, estados e municípios vai ajudar a agilizar a vacinação e diminuir os efeitos da pandemia”, em nenhum momento, Bolsonaro ou ele se referiram ao isolamento social, outra medida importante no combate à pandemia.

Vamos esperar pela formação deste comitê e pelo seu comportamento no tratamento da pandemia. Se p comitê só servir para fazer o que Bolsonaro quer, já terá nascido morto. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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