Governadores não querem policiais furando a fila da vacinação

By | 26/03/2021 1:34 pm

Governadores cobram cumprimento de critérios prioritários do Plano Nacional de Imunização

Reclamações ocorreram após o estado de São Paulo anunciar que vai vacinar, a partir de abril, professores e policiais

(Raquel Lopes e Danielle Brant, na Folha)

Na primeira reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após a criação do comitê nacional contra Covid-19, governadores cobraram que todos os estados sigam os critérios de vacinação prioritária do PNI (Plano Nacional de Imunização).

Estiveram presentes na reunião desta sexta-feira (26) os governadores de todos os estados e do Distrito Federal, exceto os de São Paulo, Sergipe e Tocantins, que foram representados pelos vice-governadores.

As reclamações ocorreram após o estado de São Paulo anunciar que vai vacinar, a partir de abril, professores e policiais, que estão no grupo prioritário do PNI, mas estão atrás de outros grupos, como pessoas com comorbidades.

Outras unidades da federação também estão adiantando a vacinação desse grupo, como o Distrito Federal e o Espírito Santo.

Segundo relatos, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), afirmou que esses grupos não poderiam ser vacinados antes e que alguns estados não poderiam começar a vacinar policiais e professores, enquanto outros não receberam vacinas.

Os governadores também querem que o Ministério da Saúde avalie e apresente cronograma de entrega de vacinas aos estados com estratégia para alcançar 1 milhão de vacinados com primeira dose por dia e, depois, aumentar esse patamar para 2 milhões de vacinados com primeira dose por dia.

Houve críticas à política externa do chanceler Ernesto Araújo, com defesa de um alinhamento internacional mais efetivo para melhorar o acesso a insumos e vacinas.

Durante a semana, Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticaram o chanceler Ernesto Araújo, considerado um dos principais responsáveis por fracassos de ações de combate ao coronavírus.

Na reunião, também houve reclamação dos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos governadores. Na semana passada, ele entrou com ação de inconstitucionalidade junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para impedir estados de adotarem medidas de restrição.

comitê nacional foi anunciado na última quarta-feira (24) por Bolsonaro, após uma reunião com ministros, Pacheco, Lira e o presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por um representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

A princípio, os governadores e prefeitos foram excluídos do comitê —a interlocução das demandas dos Executivos estaduais e municipais será feita por Pacheco.

Wellington Dias (PT-PI), governador do Piauí, cobrou a presença de prefeitos e governadores dentro do comitê.

“Dissemos da importância de que nesse comitê nacional tenha a presença de estados e municípios. Não é razoável sem a presença de estados e municípios.”

Afirmou ainda que os governadores pediram agenda com a ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organização Mundial da Saúde) e OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) para adquirir mais vacinas. Além disso, irão conversar com o Reino Unido, Índia, China e a Rússia.

“Também acompanhando aqui o Congresso Nacional junto à Anvisa, o Ministério da Saúde para mais celeridade, mais autorização.”

O governador avaliou que essa foi uma importante agenda e aproveitou para falar da preocupação da condição de habilitar, manter os leitos e também sobre a falta dos insumos.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB-ES), disse que houve muita crítica ao comitê criado porque não teve a presença de governadores e prefeitos. “É importante que todos os entes pudessem participar porque os governadores que operam na base, nos leitos”.

Disse ainda que foi registrado incômodo com o comportamento do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia e as relações diplomáticas que atrapalharam a importação do insumo farmacêutico para a produção da vacina contra a Covid-19.

Além disso, os governadores mostraram preocupação com o orçamento para saúde, que ficou bem menor que no ano passado.

 

Nossa opinião – A prioridade concedida aos profissionais da saúde, aos idosos e aos que têm comorbidades tem sua razão de ser. Os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia são os que correm o maior risco de contrair a doença. Os idosos e que têm comorbidade são os que correm mais risco de virem a morrer se forem contaminados. Se forem dar prioridade aos policiais terão que dar prioridade a todos aqueles que são obrigados a manter contato com o público: professores, frentistas, feirantes, marchantes, atendentes de consultório e de farmácia, taxistas, mototaxistas, trabalhadores de supermercados, de padarias e todos os empregados de serviços considerados essenciais. Professores correm muito maior risco do que militares pois enfrentam diariamente várias turmas de quinze, vinte ou mais alunos, enquanto militares quase nunca enfrentam grupos. E pior será se quiserem incluir militares não policiais que muitas vezes nem saem às ruas. Querem prova maior de que determinadas pessoas correm menos risco de que outras profissões? O capitão Bolsonaro promove aglomerações, anda sem máscara, diz que já teve COVID e não precisa de vacina e está aí afrontando todas as medidas sanitárias adotadas no mundo todo. Dando mal exemplo e afrontando a tudo e a todos. E o pior afrontando governadores, prefeitos e o STF ao excluir representação de Estados e municípios no comitê que vai decidir as medidas a serem tomadas no combate à pandemia. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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