Bolsonaro anuncia comitê com o Congresso, mas insiste no ‘tratamento precoce’
Tratamento defendido pelo presidente envolve remédios e métodos que, de acordo com a ciência, não têm eficácia. No auge da pandemia, Bolsonaro, governadores e chefes de poderes se reuniram para discutir ações.
(Guilherme Mazui, G1 — Brasília, 24/03/2021 10h51 Atualizado há 2 horas)
Após reunião na residência oficial do Palácio da Alvorada com governadores, ministros e chefes de poderes, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um comitê em parceria com o Congresso para definir medidas de combate à pandemia de Covid-19. Ainda de acordo com Bolsonaro, caberá ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), levar ao comitê as demandas dos governadores.
“Resolvemos, entre outras coisas, que será criada uma coordenação junto aos governadores, com o senhor presidente do Senado Federal. Da nossa parte, um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus”, afirmou o presidente em um breve pronunciamento após o encontro, ao lado dos governadores, ministros e chefes de poderes.
-O presidente disse também que, na reunião, discutiu o que ele chama de “tratamento precoce”. O método prevê a utilização de medicamentos defendidos pelo presidente, mas que não têm eficácia contra a Covid-19, de acordo com pesquisas científicas internacionais.
“Tratamos também de possiblidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label tratar os infectados”, argumentou Bolsonaro.
Nossa opinião – A ideia de comitê em que se discutam todas as medidas a serem tomada no combate à pandemia é sim é boa. Mas já nasceu maculada por dois fatos. Um, na contramão do que se entende em todo o mundo, Bolsonaro insiste no tratamento precoce da COVID 19 o que tem sido reprovado por cientistas de todo o mundo. Por outro lado, ao convocar a reunião que decidiu pela criação do comitê, convidou apenas seis governadores, deixando de fora vinte e um outros governadores, justamente os que não concordam com a maneira canhestra como ele vem comandando o combate à pandemia, fazendo questão de um Ministro da Saúde que só faz o que ele quer e manda.
Embora em sua fala, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tenha dito que “a articulação entre União, estados e municípios vai ajudar a agilizar a vacinação e diminuir os efeitos da pandemia”, em nenhum momento, Bolsonaro ou ele se referiram ao isolamento social, outra medida importante no combate à pandemia.
Vamos esperar pela formação deste comitê e pelo seu comportamento no tratamento da pandemia. Se comitê só servir para fazer o que Bolsonaro quer, já terá nascido morto. (LGLM)