Eleitores divididos sobre Lula
Datafolha indica que petista terá muita rejeição a superar se for candidato
(Editorial da Folha)
A perspectiva de uma sexta candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva —e aqui não está contada a tentativa de 2018, barrada pela Justiça— divide o eleitorado.
Conforme a mais recente pesquisa Datafolha, 51% dos brasileiros aptos a votar consideram que o líder petista não deveria disputar o Planalto em 2022, mesmo com a anulação de suas condenações por corrupção. Aliás, 57% avaliam que foi justa a primeira delas, referente ao famoso tríplex de Guarujá (SP).
É notável que os números sejam muito semelhantes aos apurados três anos atrás, quando Lula havia sido condenado em segunda instância e rumava à inelegibilidade e à prisão. Tanto tempo e tanto desgaste da Lava Jato depois, a opinião dos eleitores sobre a culpa do ex-presidente pouco se alterou.
Da mesma forma, somam 47% os que hoje acham que ele deveria disputar a eleição, o mesmíssimo percentual verificado ao final de janeiro de 2018.
Nossa opinião – Vale ressaltar aqui um detalhe para o qual muita gente não está atentando. O Ministro Edson Fachin NÃO ABSOLVEU Lula, ele apenas entendeu que Lula fora julgado por um juiz que não era o competente para julgá-lo e sim um juiz federal de Brasília. Ao mesmo tempo, a decisão de ontem da 2ª turma do STF entendeu que Moro não foi imparcial (como se espera de um juiz) quando julgou Lula, o que reforça a decisão de Fachin em anular as condenações de Lula. E os fatos da época da condenação, analisados agora à distância no tempo, dão razão aos que diziam que Moro tinha um compromisso com Bolsonaro para impedir a candidatura de Lula, facilitando a vitória do atual presidente, que recompensou Moro com uma nomeação para o Ministério da Justiça. Do qual foi defenestrado quando começou a divergir de Bolsonaro, ameaçando inclusive as suas futuras pretensões eleitorais. Reiteramos que Lula pode até ser impedido de disputar em 2022, desde que daqui para lá sofra outras condenações em segunda instância, o que faria dele um ficha-suja, isto se o Congresso não revogar a Lei da Ficha Limpa daqui para lá. (LGLM)