STF reconheceu que Moro agiu para ajudar a eleger Bolsonaro

By | 28/03/2021 4:34 am

Supremo reconhece marca de motivação política na Lava Jato

Tribunal elenca ações de Moro e da força-tarefa que tiveram impacto na eleição

(de artigo de Bruno Boghossian, colunista da Folha)

 

O STF não declarou apenas que Sergio Moro pisou fora das regras do processo legal. O julgamento que definiu a suspeição do ex-juiz na condução de um dos processos contra o ex-presidente Lula deixou às claras uma deformidade central da Lava Jato. O tribunal aplicou à operação a marca da motivação política.

Ao analisar a conduta de Moro, ministros do STF elencaram momentos em que a Lava Jato tomou decisões com impacto sobre o cenário político. A Segunda Turma do STF entendeu que a atuação do ex-juiz teve relação principalmente com eventos da última eleição presidencial.

Autor do voto que abriu caminho para a suspeição, Gilmar Mendes destacou algo que seria espantoso, caso não tivesse ocorrido na frente de todos: o fato de que Moro aceitou um cargo no governo de Jair Bolsonaro, candidato que se beneficiou da condenação de Lula.

No episódio polêmico mais recente envolvendo Gilmar Mendes, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) decidiu punir com censura um promotor de Justiça que, em junho do ano passado, disse que o ministro era o maior laxante do Brasil” – em referência aos habeas corpus concedidos por Gilmar no contexto dos desdobramentos da Operação Lava Jato a Adriano Machado –

Gilmar disse que a atuação do ex-juiz e da força-tarefa de Curitiba faria com que o Judiciário ficasse marcado pelo “experimento de um projeto populista de poder político”. E acrescentou: “Não tenho políticos de predileção. Agora, acho que não se pode permitir fazer política por meio da persecução penal.”

Com anos de atraso, os ministros enxergaram o que Moro fez à luz do dia. Ricardo Lewandowski entendeu que o ex-juiz influenciou o processo eleitoral de 2018 ao divulgar parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci, dias antes do primeiro turno. Afirmou ainda que sua atuação foi “empreendida com nítido propósito de potencializar as chances ou, mesmo, viabilizar a vitória de candidato de sua preferência”.

Já Cármen Lúcia, que se tornou o voto decisivo ao mudar de entendimento, tentou delimitar o caso. Disse que o julgamento se referia apenas a Lula e que não fazia “algum tipo de referência à Lava Jato”. Ainda assim, a ministra precisou concordar com os colegas e citou a divulgação da delação de Palocci durante a campanha presidencial. Mesmo uma defensora da operação reconheceu a tonalidade política de Moro.

Nossa opinião – Se Lula é inocente ou culpado é outra história cuja resposta novos processos poderão dizer. O que ficou evidente na votação do STF que acusou Sérgio Moro de parcialidade no julgamento de Lula é que Moro agiu determinado a favorecer a eleição de Bolsonaro, motivo pelo qual terminou sendo nomeado Ministro da Justiça do novo presidente. A condenação de Lula visou tirar o ex-presidente do páreo e a divulgação de parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci, dias antes do primeiro turno, visou ajudar a derrota o candidato petista que substituiu Lula, Fernando Haddad. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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