Esta aí a explicação para a saída do Ministro da Defesa

By | 29/03/2021 5:11 pm

Bolsonaro demite ministro da Defesa, Fernando Azevedo

Em nota, ministro diz que dedicou ‘total lealdade’ ao presidente, que pediu o cargo

(Eliane Cantanhêde, O Estado de S. Paulo)

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, comunicou nesta segunda-feira, 29, sua demissão da pasta. A informação foi confirmada pela assessoria do ministério, em nota. Segundo o Estadão apurou, o presidente Jair Bolsonaro havia pedido a saída do ministro do cargo.

No comunicado, Azevedo agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro e reforçou sua lealdade ao chefe do Executivo. “Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”, informou. “Saio na certeza da missão cumprida”, completa.  Na agenda do presidente consta que os dois se reuniram no início da tarde desta segunda-feira.

A reportagem apurou que Bolsonaro pediu a saída de Azevedo após uma entrevista do general Paulo Sérgio, responsável pela área de saúde do Exército, ao jornal Correio Braziliense. À publicação, o militar apontou a possibilidade de uma 3.ª onda da covid-19 no País nos próximos meses e defendeu lockdown, contrariando o que prega o presidente, crítico a medidas de isolamento social.

De perfil moderado e com experiência na relação com o Congresso, Azevedo foi assessor do ministro Dias Toffoli na presidência do Supremo Tribunal Federal antes de assumir o cargo no governo Bolsonaro. Seu currículo, porém, é extenso e tem distintas ligações com diferentes segmentos políticos. Assumiu a Autoridade Pública Olímpica, em outubro de 2013, no governo Dilma Rousseff. Foi chefe da ajudância de ordens do ex-presidente Fernando Collor. No exterior, uma de suas funções foi no Haiti, onde exerceu o cargo de Chefe de Operações do II Contingente do Brasil na Minustah.

No ano passado, foi criticado por participar de um ato em Brasília a favor do governo com Bolsonaro. Na ocasião, o ministro e o presidente sobrevoaram uma manifestação a bordo de um helicóptero. Na ocasião, a assessoria de imprensa do ministério justificou a presença dele como necessária para “checar as condições de segurança” da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.

A segurança do presidente, porém, é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Augusto Heleno, que não estava presente, e não pelo Ministério da Defesa.

Surpresa. A saída do ministro da Defesa pegou até mesmo aliados do presidente de surpresa, como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso.

Integrantes do Exército também foram pegos de surpresa com a saída do ministro da Defesa. Segundo um general da ativa ouvido pela reportagem, a situação ainda não está clara. A demissão também surpreendeu militares da reserva que trabalham no gabinete do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Mas, segundo pessoas que acompanharam as discussões, Bolsonaro já tem um plano de susbstituir Azevedo.

O deputado federal General Peternelli (PSL-SP), que é próximo de Azevedo, disse ter conversado com o agora ex-ministro na semana passada, mas não trataram da demissão. “Ainda falamos aí há uns três ou quatro dias atrás e ele não comentou nada. Agora, o general Fernando é muito discreto, reservado”, disse. Peternelli disse que tratou de amenidades com o ex-ministro na conversa, e que ele não deu nenhuma indicação de que poderia haver uma mudança brusca no ministério.

Ernesto também pediu demissão

Mais cedo, Bolsonaro recebeu o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o ministro colocou seu cargo à disposição. O chanceler vinha sendo contestado dentro e fora do governo. Na visão de parlamentares, especialistas e empresários, a atuação dele na pasta, considerada ideológica, prejudicou o País na obtenção de insumos e vacinas para combater a covid-19.

Na reunião, segundo aliados, o ministro disse ao presidente estar disposto a deixar o cargo para não ser mais um problema para o governo na relação com o Congresso. Auxiliares diretos do ministro consideram que a situação é “irreversível”. Uma nova reunião está prevista para o fim da tarde. / COLABORARAM ANDRÉ SHALDERS e FELIPE FRAZÃO

Leia abaixo a nota de demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva:

Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado. O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida. Fernando Azevedo e Silva   

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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