Após recuos, governo Bolsonaro decide deixar de divulgar cronograma de vacinas para covid-19
Mudança foi confirmada ao Estadão; ministério argumenta que dados devem ser coletados diretamente com os fabricantes
(Mateus Vargas, O Estado de S .Paulo)
Depois de alterar ao menos cinco vezes o cronograma de entrega de vacinas para covid-19, o Ministério da Saúde decidiu que não irá mais divulgar a previsão de doses que espera receber a cada mês. A mudança foi confirmada ao Estadão pela própria pasta. O ministério argumenta que esses dados devem ser coletados, agora, diretamente com os fabricantes.
Os primeiros cronogramas de entrega de vacinas foram divulgados em fevereiro, quando o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello tentava esfriar críticas sobre a demora do governo federal em apresentar estas projeções. As versões iniciais desse documento já se mostravam inviáveis. te da República, Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado / Reuters
Ao prever o número de doses fornecidas mês a mês a Estados e municípios, a Saúde ignorava atrasos na entrega de insumos farmacêuticos ativos (IFA) para a produção de vacinas na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e no Instituto Butantan. Também somava dados da Sputnik V e Covaxin, imunizantes que ainda sem aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Pela previsão de fevereiro, o Brasil encerraria o mês de março com 68 milhões de imunizantes distribuídos. Segundo dados dessa quinta-feira, 8, foram entregues 45,2 milhões de doses.
Em 24 de março o presidente Jair Bolsonaro compartilhou um cronograma de vacinas, que já está defasado. A importação de doses da Covaxin, fabricadas na Índia, por exemplo, nem sequer foi aprovada pela Anvisa.
Os principais acordos do Brasil são com Butantan e Fiocruz, que entregam a Coronavac e vacina de Oxford/AstraZeneca. A produção desses laboratórios depende principalmente da entrega do IFA ao País.
O Butantan afirma que concluirá a meta de entregar ao governo federal 46 milhões de vacinas até o fim deste mês, somando o volume já distribuído (38,2 milhões). Já a Fiocruz espera enviar 26,5 milhões de vacinas até o começo de maio, também considerando as 8,1 milhões de unidades já fabricadas.
Nossa opinião – Para tentar encobrir a incompetência e inoperância do seu governo na aquisição tempestiva das vacinas, que só começou a providenciar este ano, Bolsonaro e seu general Pazuelo começaram a anunciar as aquisições de lotes e lotes de vacinas. Só que estavam “contando com o ovo no cu da galinha”. Anunciavam tantos milhões de vacinas em tal data e elas quando chegavam na data não erma na quantidade prometida. Agora resolvem não anunciar mais quando chegam as vacinas, deixando por conta dos fornecedores o anúncio das remessas. Isto, entretanto, não encobrirá a incompetência do governo Bolsonaro na condução do processo de combate à pandemia. A besteira já está feita e não tem mais conserto. Por isso têm tanto pavor da CPI que deixará claro a incompetência do governo. Só Deus poderá nos proteger. (LGLM)