Mas a desistência de Bolsonaro não foi por ser bonzinho. É que ele se convenceu de que não tem maioria entre os onze membros da CPI para fazer qualquer tipo de imposição. Dos onze membros da Comissão só são favoráveis ao Governo quatro senadores, dois são oposicionistas e cinco são independentes.
Como já há um acordo para escolher Omar Aziz (PSD-AM), para presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), como vice-presidente, e Renan Calheiros (MDB-AL), como relator, os membros da CPI, resistiram à tentativa do Planalto de emplacar o senador Marcos Rogério (DEM-RO), vice-líder do governo, na vaga de Renan.
Com base nisto, os dois oposicionistas e os quatro outros independentes ameaçaram não aceitar a indicação de Aziz, se Renan não fosse o relator. Como poderia ficar “sem mel e sem cabaço” o governo resolveu aceitar o acordo que fora fechado. Fez isso porque o MDB havia ameaçado romper o acordo firmado anteriormente com governistas.
Após um dia de negociações, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), telefonou para Renan e disse que o Planalto não iria mais interferir.
A relatoria é de suma importância pois é o relator que dirige as investigações que achar necessárias para elucidação dos fatos a apurar. Apesar de independente, Omar Aziz. é um nome aceitável para o Governo, que não queira aceitar de jeito nenhum a indicação de Renan para a relatoria. Os negociadores do governo resolveram desistir de impor um relator de sua escolha.
Dentro desse quadro, assim que, marcado pelo Presidente do Senado, ocorra o início das atividades da CPI, os membros titulares da comissão elegerão o presidente Omaar Aziz e o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP), conforme o acordado. Em seguida, Aziz nomeia Renan Calheiros.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou na sexta que a CPI será instalada no próximo dia 22, após o feriado de Tiradentes, ou 27. A sessão de abertura será presencial. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) já começou a montar um plano de trabalho para discutir com seus pares.
Claro que os partidários do Governo tentarão criar empecilhos durante a realização da CPI, mas como são minoria, não deverão obter muito sucesso. Para isso a população deverá também ficar atenta para se mobilizar no sentido de impedir manobras que desvirtuem a CPI. (LGLM)