(José Romildo de Sousa, historiador)
Foi com imensa expectativa que o torcedor patoense se deslocou ao Estádio Municipal José Cavalcanti, na tarde de 07 de setembro de 1973, para assistir a partida amistosa que iria acontecer entre o Esporte Clube de Patos e o Botafogo de Cajazeiras, onde a grande atração do jogo seria a participação do consagrado atleta Garrincha, bicampeão mundial com a seleção brasileira na Copa do Mundo da Suécia em 1958 e na Copa do Mundo no Chile em 1962; inclusive, tendo jogado 60 partidas pela “Canarinha”, conseguindo um resultado substancioso de 52 vitórias, 7 empates e apenas 1 derrota.
Manuel Francisco dos Santos, mais conhecido pelo nome de Mané Garrincha, ou simplesmente Garrincha, natural de Pau Grande, distrito de Magé, no Rio de Janeiro, desde muito cedo já demonstrava nos campos de pelada o seu potencial como jogador de futebol. Detentor de grande destaque adquirido durante o período de 1953 a 1965 quando jogava pelo Botafogo de Futebol e Regatas, onde conquistou vários títulos. Com suas pernas tortas e dribles desconcertantes, Garrincha se tornou um verdadeiro terror para os zagueiros adversários que o marcavam, chegando a ser considerado como o melhor ponta-direita do mundo após a copa de 58.
Para cumprir o compromisso agendado com o Esporte Clube, Garrincha chegou a Patos na véspera do jogo e se hospedou no Hotel Copacabana, que ficava localizado bem no centro da cidade, defronte ao Grupo Escolar Rio Branco. Durante todo o dia, grande foi a movimentação onde o jogador se encontrava hospedado, muita gente querendo conhece-lo mais de perto. Inclusive, José Wilson, filho de Vavá Brandão nos contou que seu genitor levou ele e os irmãos para ouvirem do craque as muitas alegrias que o futebol havia lhe proporcionado. Inclusive, relata Zé Wilson, que também atuou pelo Esporte, que entre um atendimento e outro, Garrincha cantava com Vavá ao violão, os consagrados sucessos do cancioneiro popular brasileiro.
Mesmo Garrincha não sendo o mesmo do tempo do Botafogo e da seleção brasileira, ele ainda despertava o carinho e admiração em muita gente, tanto é que no jogo de Patos o Estádio Municipal José Cavalcante ficou totalmente lotado. Segundo Nilson Peri que teve o privilégio de jogar ao seu lado, em depoimento, exaltou a categoria com que ele ainda passava a bola “bem redondinha” para os companheiros alvirrubros.
As 17:00 horas, o Esporte entrou em campo e Garrinha, o “Anjo das pernas tortas”, foi saudado com muitos aplausos. Durante a partida, Garrincha jogou com a camisa do Esporte e o placar do jogo foi de 4×1 para o time de Patos, com dois gois do centroavante Marconi, um de Toinho, como ele mesmo diz: marcado na trave do lado leste do campo e outro de Garrincha, que deixou sua marca registrada no Estádio, ao fazer um gol de pênalti. O gol do Botafogo foi feito por Pedro Paulo, que depois foi contratado pelo Esporte.
Neste jogo aconteceram ainda dois fatos interessantes: o primeiro quando três irmãos estiveram jogando pelo esporte na partida; Toinho, Tico e Pitafó; e, o segundo, Buchada, que foi jogador e roupeiro do Nacional Atlético Clube, vindo junto com o Botafogo para atuar no jogo, depois de um drible de Garrincha que ele se esparramado pelo chão, fez uma falta violenta no “convidado” que foi preciso parar o jogo por um bom tempo para atendê-lo.
Ainda hoje, este jogo continua bem presente, principalmente na memória dos torcedores do Esporte Clube de Patos. Que o cultivam com imensa grandeza de detalhes. Realçando com muito afinco a importante participação de Garrincha, naquele momento histórico vivido pelo “Terror do Sertão”.