Ministros da Saúde do governo Bolsonaro serão primeiras testemunhas a serem ouvidas. Na primeira semana de trabalho, colegiado aprovou mais de 300 requerimentos.
(Gustavo Garcia, G1)
Somente nos primeiros dias de trabalho, foram aprovados mais de 300 requerimentos. São convocações de testemunhas e pedidos de documentação de vários órgãos do governo federal, de estados e de municípios.
A CPI foi criada para investigar ações e omissões do governo Jair Bolsonaro na pandemia e fiscalizar a aplicação de recursos federais por estados e municípios.
Veja as próximas etapas da comissão:
Depoimentos de ex-ministros
Três ex-ministros da Saúde, o atual e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) depõem nesta semana à CPI:
- Terça-feira (4) – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ex-ministros da Saúde;
- Quarta-feira (5) – general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde;
- Quinta-feira (6) – Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde e Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa.
Oposicionistas e integrantes independentes da CPI querem ainda aprovar a convocação do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten – que recentemente classificou como “incompetente” a gestão de Eduardo Pazuello no enfrentamento da pandemia. Governistas são contrários a esse requerimento.
Linhas de investigação
O plano de trabalho do relator Renan Calheiros prevê, pelo menos, seis frentes de investigação por parte da CPI:
- Aquisição e distribuição de vacinas, insumos, testes e EPIs; e habilitação de leitos;
- Produção, distribuição e recomendação de cloroquina e falhas na compra de remédios do kit intubação;
- Atribuição de responsabilidades e competências no combate à crise;
- Colapso de saúde no Amazonas;
- Saúde indígena;
- Critérios de repasse e uso de recursos federais.
Entre outros pontos, os membros da comissão também querem apurar:
- Contratos e ações de publicidade do governo durante a pandemia;
- Passeios de Bolsonaro pelo Distrito Federal em meio à crise sanitária;
- Disseminação de informações falsas sobre a Covid-19.
Documentos
Na próxima semana, começam a chegar os documentos solicitados por senadores a diversos órgãos.
A expectativa de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, é de que um grande volume de planilhas, comprovantes, atas de reuniões, registros em áudio e vídeo, cópias de contratos, entre outros dados, seja recebido pela comissão já a partir da próxima quarta-feira (5).
Entre as informações demandadas, estão documentos relacionados ao fornecimento de equipamentos de proteção, ventiladores e medicamentos para estados e municípios; e também dados sobre a necessidade de leitos de UTI nos estados.
Também foram solicitados ofícios sobre transferências de recursos federais para governos estaduais e prefeituras. E dados sobre produção, compra e recomendação de remédios com ineficácia cientificamente comprovada contra a Covid-19, como a hidroxicloroquina.
Do Facebook, os senadores querem vídeo de reunião do Conselho de Saúde Suplementar, em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que “o chinês inventou o vírus”.
Eles também pedem dados do Ministério da Cidadania sobre pagamentos do auxílio emergencial; e informações da CPMI das Fake News sobre o espalhamento de conteúdos falsos relacionados à pandemia.