(José Romildo de Sousa, historiador)
O futebol da cidade de Patos, sempre contou com um expressivo número de grandes craques, chegando inclusive a exportar muitos deles para grandes equipes nordestinas e até mesmo para clubes de outros países, como foi o caso de Araújo (Esporte do Recife e Bahia), Clóvis (Ceará Sport Clube), Dissôr (Botafogo da Paraíba), Mário Moura (Vitória de Setubal, Portugal) e Araponga (Tirsence, Portugal).
Dentro de todo este cenário, no início da década de 60, um jovem pela sua raça e determinação apresentada em partidas realizadas pelo Nacional Atlético Clube, no campo do Ginásio, começou a despontar no futebol patoense, recebendo logo em seguida o apelido de “Leão das Espinharas”. Seu nome: Wilson Absalão da Silva, chamado dentro e fora do gramado de LULU.
Lulu nasceu na cidade de Campina Grande, Estado da Paraíba no dia 19 de setembro de 1941. Era filho de José Absalão da Silva e de Benedita Farias as Silva.
Deste muito cedo, o menino campinense adorava um jogo de bola e, sempre que tinha uma folguinha, corria para os campos de pelada.
Em 1959, com 18 anos de idade, foi servir ao exército no Grupamento de Engenharia em Caicó, no Rio Grande do Norte, onde atuou como goleiro do time de futebol de salão.
Concluindo o serviço militar, voltou para Campina Grande e, já no ano de 1962, jogando pelo juvenil do Treze, denominado de “Trezinho”, foi campeão da categoria, derrotando todos os adversários e se consagrando artilheiro de certame.
Neste mesmo ano (1962) chega a Patos e ingressa no Nacional. Já no ano seguinte, comprova sua fama de goleador ao tornar-se artilheiro do quadrangular “Taça Cidade de Patos”.
Em 29 de novembro de 1964, participa do fogo inaugural do Estádio Municipal José Cavalcante e derrota o maior rival, o Esporte Clube de Patos pelo placar de 2×1.
No dia 14 de abril de 1965 com o objetivo de atuar no campeonato paraibano de futebol, LULU assina com o alviverde seu primeiro contrato de trabalho. Ao final do certame, chega a vice artilheiro com 19 gols e reconhecido pela Associação dos Cronistas da Paraíba (ACEEP) como o melhor meia-direita do Estado, sendo inclusive convocado para a seleção paraibana. Nesta oportunidade, o Nacional recebe o título de “Agremiação do Ano”.
No ano de 1966, contraiu núpcias com Edilma Brandão de Lucena, com quem teve quatro filhos: Sandro Wilson Brandão, Hermes Brandão Torres Neto, Elvira Brandão Absalão e Sandra Wilma Brandão Absalão.
Por este tempo, LULU deixa o Nacional e faz teste no Botafogo Sport Club, de Senhor do Bonfim, na Bahia. Mas, mesmo com grande insistência dos dirigentes do clube, alegando problemas pessoais, o atacante não aceitou o contrato e retornou à Paraíba.
Ano de1967, no dia 07 de junho LULU assina contrato com o Clube Náutico Capibaribe. Vem depois para o Campinense em 68 e, daí para o Botafogo de João Pessoa onde passa uma curta temporada. Procurado pela imprensa naquela oportunidade, LULU dá esta declaração: “A minha primeira grande satisfação em ter vindo para o Botafogo foi reencontrar-me com Dissôr, velho colega do Nacional de Patos e pessoa das mais queridas. A outra, sem dúvida alguma foi a de ter enfrentado o Santos de Pelé, na reabertura do Estádio José Américo”. Do Botafogo LULU voltou a defender as cores do Treze de Campina Grande. E, finalmente, em 04 de abril de 1972, assinou seu último contrato profissional com o Nacional Atlético Clube.
Como amador, LULU ainda jogou no Esporte Clube de Patos e foi também seu treinador. Após 1973, passou a “brincar” somente nos fins de semana, toda tarde de sábado, na famosa pelada do Campestre Clube.
LULU trabalhou no departamento de Cobrança da Loja “A Sertaneja” e foi também Oficial de Justiça por um período de 18 anos, quando veio a falecer no dia 27 de junho de 1997, na cidade de Patos, sendo o sepultamento em sua terra natal.
Pelos relevantes serviços prestados ao futebol da “Morada da Sol”, recebeu LULU o título de Cidadão Patoense, uma propositura do vereador José Augusto Longo.
Ninguém definiu tão bem LULU, no aspecto de jogador e homem público como o seu treinador Virgílio Trindade ao relatar: “No futebol, tinha azougue e fazia gols de todo tipo: na conversa tinha humor e contava piada como ninguém; na alma, tinha boa vontade e agia sempre em direção a verdade. Por isso, foi o artilheiro mais famoso do futebol de Patos, a alegria de todas as rodas e útil a muita gente”.