(G1 Rio, com comentário nosso)
Em discurso no enterro de inspetor morto, Alan Turnowski disse que inteligência diz que todos os mortos pela polícia na ação são traficantes e que 19 baleados tinham folha corrida ‘até agora’.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira (7) que a operação quinta-feira no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, terminou com 28 mortos – 27 suspeitos mais o inspetor que foi baleado por criminosos.
Até a tarde desta quinta acreditava-se que foram 25 mortos no total, contando o policial. Ainda não foi explicada a razão da diferença na contagem.
Em discurso durante o sepultamento do inspetor André Frias, o secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, elogiou a ação da polícia no Jacarezinho, e disse que informações do setor de inteligência da corporação identificaram que todos os 27 considerados suspeitos que morreram eram traficantes.
“A inteligência já confirmou todos os mortos como traficantes. 19 com folhas corridas até agora”, disse o secretário. “Não foi em vão, André, não foi em vão”, disse, encerrando seu discurso com aplausos.
“Quem conhece um pouquino de operação, o traficante, o criminoso, quando a gente entra na comunidade ele atira para fugir. Ontem [quinta-feira], eles atiravam para guardar posição, para matar. Eles tinham ordem para confrontar, para ficar. Eles não correram. E o que a polícia civil mostrou ontem foi técnica, foi maturidade, foi profissionalismo, de mostrar à sociedade que aquele traficante que invadiu a casa da moradora ele é inimigo de toda a sociedade”, disse o secretário.
“Porque ele amanhã pode invadir sua casa na Zona Sul, na Zona Norte, na Zona Oeste. E a última barreira eram vocês ontem e vocês fizeram a missão de vocês. Não foi fácil, mas o fato que a gente está no caminho certo é esse pertencimento aqui, a quantidade de policiais hoje aqui”, acrescentou.
Mais de 24 horas após operação, a Polícia Civil não divulgou a identidade dos mortos no Jacarezinho.
Famílias que estavam no IML tentando liberar corpos seguem relatando execuções: a de Jonas do Carmo dos Santos, de 32 anos, confirma que ele tinha passagem, mas afirma que ele tinha saído para comprar pão. A de Rodrigo Paula de Barros, de 31 anos, diz que ele já teve envolvimento com o tráfico, mas afirma que estava afastado há um ano e seis meses procurando emprego. Ainda segundo parentes, foi baleado quando passeava com a cachorra na rua, por volta das seis da manhã.
Dos 27 mortos na ação, três foram denunciados pelo Ministério Público por tráfico de drogas e eram procurados pela polícia. A investigação aponta que eles eram “soldados” do tráfico, atuando como braço armado da organização criminosa no Jacarezinho.
São eles:
- Richard Gabriel da Silva Ferreira, conhecido como “Kako”;
- Isaac Pinheiro de Oliveira, conhecido como “Pee da Vasco”;
- Rômulo Oliveira Lúcio, conhecido como “Romulozinho”.
Nossa opinião
Operações policiais têm que ser realizadas para a Polícia não perca o controle da situação, numa cidade violenta como o Rio. O que tem que coibir o excesso de violência. A execução de quem se entregou, a morte de pessoas que não tinham nada a ver com a situação criminosa que se quer coibir. O fato de a morte de um policial ter desencadeado um morticínio generalizado tira da polícia a atenuante de aquilo ter sido uma operação normal. Pareceu uma vingança. E é altamente suspeito o fato de não se saber exatamente quem morreu, como se a Polícia estivesse esperando que alguma morte passasse despercebida. É também altamente suspeita a falta de identificação de quase dez dos mortos. ´Será que estes nove mortos eram realmente criminosos ou, justamente por isso, não estão querendo anunciar a sua identificação? (LGLM)