Maioria do STF vota a favor da obrigação do governo de realizar Censo em 2022

By | 14/05/2021 3:07 pm

Censo foi cancelado após governo cortar orçamento do IBGE. Governo do Maranhão foi à Justiça. Argumentou que falta de estudo amplo sobre perfil populacional do país fere a Constituição.

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou a favor de que o governo federal seja obrigado a tomar as medidas para realizar o Censo Demográfico em 2022.

Os ministros julgam no plenário virtual uma decisão individual do ministro Marco Aurélio Mello, que determinou ao governo que adote as medidas necessárias para garantir a realização do levantamento.

Em abril, o governo confirmou que o Orçamento de 2021 não reservava recursos para o Censo, o que levou ao cancelamento da pesquisa. Por lei, o Censo deve ser realizado a cada dez anos. O último ocorreu em 2010. No ano passado, a pesquisa, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), foi adiada devido à pandemia de Covid-19.

O caso chegou ao STF por uma ação do governo do Maranhão. Na ação, o governo estadual argumenta que a falta do estudo sobre o perfil da população tem consequências na repartição de receitas tributárias, além de prejuízos para as estatísticas do país. Também afirma que não realizar o Censo fere a Constituição.

A maioria dos ministros seguiu o entendimento do ministro Gilmar Mendes, que votou pela realização do Censo em 2022. De acordo com o ministro, a realização do estudo no ano que vem evitará dificuldades que os recenseadores teriam em 2021, por causa da pandemia de Covid.

“Cuida-se de solução que, em suma, além de evitar as dificuldades inerentes ao recrutamento de mais de 200 mil agentes censitários e ao treinamento dos supervisores e recenseadores durante um período de agravamento da pandemia causada pelo SarsCoV-2 [o vírus da Covid], é capaz de trilhar caminho que preserva as bases da democracia representativa, especialmente a liberdade de atuação das instâncias políticas”, afirmou Mendes.

O ministro argumentou ainda que “a concessão de prazo razoável se alinha com a necessidade de preservar o espaço de deliberação próprio das instâncias políticas, assegurando outra oportunidade para que o Poder Executivo, em articulação direta com o Congresso Nacional, assegure créditos orçamentários suficientes para a realização do Censo Demográfico do IBGE”.

O ministro Gilmar Mendes ressaltou ainda que “a negligência estatal” ao não realizar o Censo “põe em xeque a preservação de relevantes postulados constitucionais”.

“Resumidamente: a ausências dessas informações implicará grandes obstáculos para a promoção dos direitos que compõem a espinha dorsal do Estado Social brasileiro, frustrando, outrossim, os objetivos constitucionais de desenvolvimento socioeconômico e de redução das desigualdades sociais”, completou.

O voto de Mendes foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Já o voto do relator foi acompanhado pelo ministro Edson Fachin.

O ministro Nunes Marques votou para rejeitar a ação do governo do Maranhão. Ele alegou que a pandemia ameaça a atividade dos recenseadores e que há outras maneiras de o poder público fazer um mapeamento da população

“Tal medida, portanto, não revela urgência suficiente a demandar imediata adoção de medidas pelo governo. Com efeito, o risco de dano inverso prevalece, mormente em contexto pandêmico que recomenda seja o censo realizado em momento oportuno. Por fim, há diversos meios adequados de mapeamento necessário para o combate à pandemia (que não a realização dos censos, censos que em si, já aumentarão o risco de contaminação pelo vírus SARS-CoV-2), e que, assim, afastam a urgência necessária para concessão da liminar”, escreveu.

Nossa opinião (queremos apenas relembrar comentário que fizemos, em 28/04/2021, a respeito de decisão liminar do Ministro Marco Aurélio que obrigava o Governo a realizar o Censo 2021)

  • O Ministro tem toda razão. Só se pode governar conhecendo a realidade do país e não são deputados e senadores encastelados em Brasil que vão saber da importância da realização de um censo, para quem quer realmente resolver os problemas do país. Ou seja. Se o Governo quiser mesmo resolver os problemas do país, de educação, de saúde, de emprego e assim por diante, tem que realizar com a frequência recomendável um censo. A tradição é fazer um censo de dez em dez anos, já que a realização custa muito caro. O último censo foi feito em 2010 e um outro deveria ter sido realizada em 2020, até porque as coisas mudaram muito de lá para cá. Como resolver os problemas do país sem conhecê-los.

Só não se a estas alturas ainda seria possível realizar o censo ainda este ano, uma vez que muitas providências já deviam ter sido tomadas, principalmente o treinamento dos recenseadores e a preparação do material e dos progra mas para a realização e tabulação do censo. O sindicato dos funcionários do IBGE que já se manifestou achando difícil realizar o censo ainda este ano.

No caso de não ser possível realizar o censo ainda em 2021, no mínimo o Governo deveria providenciar recursos para a preparação que tem que ser feita ainda este ano e incluir no orçamento de 2022, os recursos necessários para realizar o censo no ano que vem. Caso contrário, o próximo presidente não terá informações para se preparar para governar a partir de 2023. Bolsonaro talvez esteja pensando em “deixar o abacaxi” para quem ganhar dele em 2022. Os deputados e senadores não estão nem ai. Só estão pensando nas emendas parlamentares que vão receber em 2021 e 2022 para financiarem as suas eleições. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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