CÔNEGO JOAQUIM MACHADO, MEIO SÉCULO DE EVANGELIZAÇÃO

By | 25/05/2021 10:29 am
(José Romildo de Sousa, historiador) (20+) José Romildo Sousa | Facebook
Joaquim Alves Machado, filho de João Machado da Costa e de Maria José de Medeiros Machado, nasceu a 8 de maio de 1838, na Vila Imperial de Patos. Pelo lado paterno, descendia do português João Machado da Costa e de dona Maria Francisca de Oliveira, de quem era neto. E, pelo materno, era neto do patriarca João Alves da Nóbrega, senhor e proprietário da Fazenda Trincheiras.
Em Patos, realizou seus primeiros estudos. Ainda muito jovem, descobriu sua vocação sacerdotal e ingressou no Seminário de Nossa Senhora das Graça, em Olinda. Em seguida, transferiu-se para o Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde concluiu seus estudos eclesiásticos, ordenando-se sacerdote a 30 de novembro de 1867; sendo inclusive, contemporâneo do Padre Cícero Romão Batista.
Voltando à Vila de Patos, celebrou sua primeira missa na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, na qual havia sido batizado. E, mesmo sem nomeação, a partir de 30 de agosto de 1868, passou a auxiliar o Padre Manoel Cordeiro da Cruz, em seu vicariato. Somente um ano depois, chegou à Vila de Patos a provisão assinada pelo Bispo de Olinda, confirmado o Padre Joaquim Machado no cargo de coadjutor da Freguesia de Nossa Senhora da Guia.
Coadjutor Pró-pároco, em 1878, com a remoção do Padre Manoel Cordeiro da Cruz, Padre Machado passou a ser o primeiro vigário como filho de Patos, encarregado de reger a Freguesia de Nossa Senhora da Guia.
Com o passar do tempo, Padre Machado começou a notar que a antiga igrejinha já não comportava os fiéis nos dias das grandes celebrações litúrgicas. Mandou então construir em sua frente, na altura do seu piso interno, uma estrutura elevada toda em alvenaria e madeira muito bem trabalhada, pintada e artisticamente decorada, onde nas datas comemorativas as mulheres ficaram dentro da igreja e os homens em cima do recém construído patamar.
Em 1885 disputou uma vaga na Assembleia Legislativa e se elegeu deputado provincial, tendo participado ativamente dos trabalhos legislativos durante o biênio de 1886-1887.
No início do século XX, Padre Machado chegou a eleger-se membro do Conselho Municipal de Patos, do qual foi seu presidente durante o ano de 1906. A ele, deve-se o crescimento do Patrimônio da Matriz de Patos, bem como a construção de várias capelas.
Aos 18 de abril de 1893, o vigário Joaquim Machado endereçou uma petição ao Bispo de Olinda – a quem era subordinado – solicitando autorização para erigir uma nova igreja, sob a invocação à Nossa Senhora da Guia, cuja autorização foi concedida no dia 3 de maio seguinte.
Assim, devidamente autorizado, o Padre Joaquim Alves Machado lançou a pedra fundamental para a construção da segunda Igreja Matriz de Patos (hoje, servindo como Catedral Diocesana), aos 22 de outubro de 1893, em ato que contou com grande participação popular. A nova Matriz de Nossa Senhora da Guia, levou treze anos para ser concluída e nela foram consumidos mais de 30 contos de réis.
Quanto as festividades de chegada do século XX, na Vila de Patos, o Padre Machado celebrou a meia noite uma missa campal, em frente à antiga Matriz, no local onde existia o patamar, na qual abençoou os seus fiéis.
O Padre Machado, elevado a função de Cônego em 1913, foi o responsável pelo incentivo da construção do segundo Cemitério de Patos (São Miguel).
Carinhosamente chamado de “Padrim Padre”, o Cônego Joaquim Alves Machado ao completar suas bodas de ouro sacerdotal, sentindo-se velho e cansado, após autorização episcopal, no dia 1º de janeiro de 1918, renunciou sua paróquia, sendo substituído pelo Padre José Neves de Sá. E, até onde pode, celebrou na antiga Igreja Matriz de Patos, hoje, Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Por fim, faleceu a 15 de março de 1922, aos 83 anos de idade. A notícia de sua morte abalou toda a cidade de Patos e foi bastante sentida por todos os seus paroquianos.
Após uma missa de corpo presente, seu corpo foi sepultado ao pé do altar de São Joaquim, no interior da antiga Matriz de Nossa Senhora da Guia, atualmente, Igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição, onde se encontra identificado por uma lápide de mármore que esclarece: “Aqui jazem os restos mortais do cônego Joaquim Machado nascido aos 8 de maio de 1838, ordenado em Fortaleza aos 30 de novembro de 1867, vigário de Patos por 50 anos, falecido aos 15 de março de 1922. Eterna gratidão de sua família. Paz a sua alma”.
Sacerdote muito estimado, dedicou toda a sua vida aos seus paroquianos. Seu nome, encontra-se inserido na galeria dos importantes homens que contribuíram com a grandeza da região das Espinharas.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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