Com clima tenso, comissão aprovou chamada de 9 gestores estaduais e novas falas de Pazuello e Queiroga
Reservadamente, os senadores avaliam que a oitiva de governadores vai desvirtuar o rumo atual das investigações e tirar o foco do presidente Jair Bolsonaro, beneficiando o mandatário.
A maioria dos integrantes da CPI é formada por senadores independentes ou de oposição —só 4 dos 11 titulares são governistas. As divergências a respeito da convocação ficaram explícitas nesta quarta-feira (26) em bate-boca durante a reunião em que foram aprovados os requerimentos.
A CPI da Covid aprovou nesta quarta a convocação novamente do ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) e do atual ocupante da pasta, Marcelo Queiroga, que já haviam prestado depoimento.
Em uma derrota para o governo Bolsonaro, ainda foram convocados o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, e o ex-assessor especial Arthur Weintraub —irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.
As convocações foram definidas em reunião secreta dos membros da comissão, realizada pouco antes da sessão em que os requerimentos foram apreciados.
Os governistas foram pegos de surpresa no encontro com o anúncio do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), de que havia decidido chamar governadores. Embora sempre fosse um pleito dos aliados de Bolsonaro na comissão, a ideia enfrentava resistência do próprio Aziz.
Segundo alguns participantes da reunião, a sugestão foi aceita por unanimidade. No entanto, mais tarde, na hora da votação aberta, alguns senadores apresentaram votos contrários, como o petista Humberto Costa (PE).
“Nós fizemos um acordo, senador Humberto. Vossa Excelência agora tem de cumprir o acordo aqui, por favor”, disse o presidente da comissão.
Para não haver uma convocação indiscriminada de governadores, todos os membros da comissão teriam acatado uma sugestão de Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que propôs delimitar aos estados em que houve apuração da Polícia Federal ou Ministério Público Federal para apurar irregularidades com recursos destinados para o enfrentamento da Covid.
Com isso, ficou de fora o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que disse, em rede social, que pode comparecer se for chamado. “Podem me chamar na CPI que vou. Quem não deve não teme”, afirmou, em resposta a uma postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
No caso específico da convocação de Helder Barbalho, filho do suplente da CPI Jader Barbalho (MDB-PA), houve oposição do relator Renan Calheiros (MDB-AL), de Eduardo Braga (MDB-AM) e de Humberto Costa.