(Historiador José Romildo de Sousa)
No início da década de 40, dois grandes administradores da arte cinematográfica – Agripino Cavalcante e Joaquim Araújo – resolveram se associar e, juntos montar na cidade de Patos uma casa de espetáculos que tivesse o mesmo padrão daquelas encontradas nos avançados centros, e de preferência, arquitetavam ainda eles, que a mesma deveria ser dotada de condições para que também pudesse ser aproveitada para outras atividades culturais. Dessa frutífera união, surgiu a firma “Cavalcante & Araújo e, com ela, o CINE ELDORADO, da rua Pedro Firmino, que foi inaugurado com muita festa no dia 09 de fevereiro de 1946, com suas dependências completamente lotadas para assistirem o filme “A Sultana da Morte”, protagonizada pela atriz Doroty Lamor.
Não demorou muito tempo e logo este cinema adquiriu conceito e conquistou fama entre a população local, uma vez que além de exibir excelentes películas, tinha também inserido na sua programação semanal um esquema deveras convidativo: na segunda acontecia a “sessão popular”, onde o filme de domingo era reprisado com desconto promocional; na quarta-feira era vez da “sessão das moça”, que apresentava sempre um grande lançamento em primeira mão e, na quinta, o “dia do seriado”, que terminava com o “artista correndo sérios riscos de vida” e que, somente na semana seguinte os ávidos expectadores tomavam conhecimento da saída que o “mocinho” utilizaria para se safar.
O palco do Eldorado ainda serviu para apresentação de shows de artista famosos de várias épocas e estilos musicais completamente diferentes, tais como: Vicente Celestino, Nelson Gonçalves, Alcides Gerardes, Adilson Ramos, Sivuca, Ludugero, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Altemar Dutra, Teixeirinha, Agnaldo Timóteo, Jerry Adriano, Wanderley Cardoso e muitos e muitos outros.
O Eldorado serviu também de palco para o concorrido “Festival da Cidade”, promovido pelo radialista Ramalho Silva e os “Festivais do Fortelância” onde Antônio Emiliano venceu com “Preto Velho José” e Amaury de Carvalho com “Aleluia, Aleluia”. Várias peças de teatro foram também nele apresentadas. Outro grande momento foi a palestra que fez Ariano Suassuna, que tinha sido convidado pelo Padre Vieira.
Para muitos patoenses o Eldorado começou a desaparecer quando o prédio foi vendido a Zé do Ouro, empresário norte-riograndense que, ao assumir o “negócio” mudou logo o nome do cinema para “São Francisco”. Por último no ano de 1985, o espaço que promoveu muito divertimento e cultura fechou suas portas em definitivo para abrigar a “Loja Xepinha”.