São os únicos países com médias acima de 1.000
(SOPHIA LOPES, PODER360, 18.jun.2021)
Brasil e Índia têm as maiores médias de mortes por covid-19 no mundo. São os únicos países com médias acima de 1.000. A média do Brasil chegou a 2.025 na 4ª feira (16.jun.2021).
A Índia, que registrou na 5ª feira (10.jun.2021) o maior número de mortes diárias por covid-19 no mundo, lidera a lista, com média móvel de 3.743 mortes na 4ª feira (16.jun.2021).
“Tanto o Brasil quanto a Índia já entraram na 3ª onda da pandemia em número de casos há mais de um mês, e esse resultado dos óbitos é um espelho do que acontece a partir de um mês atrás. A circulação do vírus é que gera quase um mês depois essa exacerbação de mortes”, explica.
No caso do Brasil, é possível ver o aumento de novos diagnósticos e mortes por covid-19 depois de feriados, comenta o estudioso. “Você vê uma correlação bem forte dos aumentos de casos no Brasil com os últimos feriados, a 3ª onda aqui está muito relacionada a isso”, diz.
No gráfico, há uma subida da curva de mortes no país depois do Carnaval, entre os dias 13 e 17 de fevereiro. Apesar de vários Estados e municípios terem cancelado as tradicionais folgas nesse período, as praias ficaram cheias durante o fim de semana, nos dias 13 e 14, com aglomerações registradas nos litorais de Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Para o especialista, é incorreto falar em queda de mortes e em estabilização da média, já que os momentos de estabilidade e de descida da curva não se sustentam ao longo do tempo. “A média está em alta. Esse conceito de estabilidade não existe em nenhum lugar do mundo. O número está crescendo, aí começa a descer, isso é uma flutuação”, afirma.
“Segundo a Organização Mundial da Saúde, você vai observar um controle quando os indicadores de interesse epidemiológico, que são o número de novos casos, óbitos e internações a cada dia começam a cair de maneira sustentada. O número tem que cair em torno de 50% do praticado anteriormente e ficar em queda por 3 semanas”, acrescenta.
Para o especialista, o Brasil e Índia também são semelhantes na atuação governamental frente à pandemia, que priorizou a retomada da economia. “A epidemia brasileira, vou extrapolar isso para a Índia também, está intimamente ligada com as medidas que são tomadas, não para conter a disseminação do vírus, mas frente a uma análise econômica da situação. Não existe uma análise de saúde pública na pandemia. A maioria dos estados brasileiros fez uma política de ampliação de leitos, não de contenção do vírus”, analisa.
Em junho, a Índia começou a registrar queda no número de casos, e algumas cidades decidiram flexibilizar as medidas de restrição. Na 4ª feira (16.jun.2021), o Taj Mahal, que ficou fechado por 2 meses, reabriu as portas.
VARIANTES
Ambos os países também foram afetados por mutações do novo coronavírus. Na Índia, entretanto, prevaleceu a variante Delta, conhecida como variante indiana, já que foi relatada pela 1ª vez no país.
As evidências científicas até o momento indicam que essa variante pode ser a mais infecciosa. Médicos na Índia observaram aumento de deficiência auditiva, distúrbios gástricos sérios, fungo negro e coágulos em pacientes infectados com a cepa Delta.
“A epidemia na Índia está muito associada a essa cepa, já aqui no Brasil está associada não só à cepa de Manaus, mas ao fato de que, principalmente a partir do fim de março e começo de abril, nós viramos um laboratório de novas mutações do coronavírus, e até agora não temos um controle efetivo do aparecimento dessas novas cepas”, afirma Alves.