Candidato de centro não precisa ser do PSDB, afirma Tasso
Para senador tucano, aliança de partidos em 2022 para enfrentar polarização é uma ‘possibilidade concreta’
Apontado como um dos “presidenciáveis” do PSDB para a eleição de 2022, o senador Tasso Jereissati (CE) disse neste domingo, 21, ver como uma “possibilidade concreta” a formação de uma aliança de forças políticas de centro para fazer frente à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para Tasso, o candidato que represente este campo não necessariamente tem de ser do PSDB. “Não precisa ser do nosso partido”, disse o parlamentar, referindo-se ao nome que lideraria a coalizão.
Ao participar de videoconferência do grupo Parlatório S.A., o senador cearense disse que a viabilidade de uma candidatura alternativa, a chamada terceira via, na corrida ao Palácio do Planalto do ano que vem, vai depender da pressão popular. “Se houver pressão da opinião publica, a possibilidade se torna mais concreta ainda”, afirmou o tucano.
Tasso é um dos quatro nomes cogitados para ser o candidato presidencial do PSDB em 2022. Além do senador, concorrem ao posto os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. As prévias do partido estão marcadas para novembro.
Questionado sobre a atuação do PSDB na corrida presidencial, Tasso defendeu a unidade da legenda e respondeu que as prévias tucanas também fazem parte da estratégia eleitoral para 2022. “Uma característica positiva que o PSDB tem é de ser um partido democrático, e, encontramos uma solução democrática. As prévias também são uma estratégia eleitoral”, disse. “Veja o caso dos Estados Unidos, onde há prévias. (…) Se você entrar do zero para alçar voo depois é muito difícil. Essa é uma das estratégias, e, depois da prévia, todo mundo vai entrar em campo para jogar junto”, afirmou o senador tucano.
Tasso citou o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro – ambos participantes da mesma reunião virtual – entre as “figuras centrais” no processo de aglutinação de forças de centro. “São atores fundamentais para que esse processo chegue”, afirmou o senador.
Ameaças
Integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que investiga ações e omissões de autoridades pelo agravamento da pandemia de covid-19, Tasso revelou que testemunhas receberam ameaças de morte. “Pelo menos duas pessoas já pediram proteção à CPI por ameaças de morte. (…) Isso é muito grave, temos uma banalização da morte no Brasil.”
Tasso afirmou que existe um “receio claro” do Congresso com alguns movimentos do presidente Jair Bolsonaro em relação ao poder Judiciário e outras instituições. “Todas as instituições estão em risco. Nesse momento, qualquer tipo de luta entre o Legislativo e o Judiciário seria inadequado. Existe um receio muito claro no Congresso de alguns movimentos do presidente da República em relação ao poder Judiciário.”
O senador ainda disse que causou preocupação na classe política o arquivamento pelo Exército do processo administrativo sobre a participação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em ato em apoio a Bolsonaro. “O silêncio das Forças Armadas intranquilizou o País e também o meio político. Hoje, existe uma intranquilidade muito grande”, afirmou. Tasso frisou que a não punição gerou ruído preocupante, mas afirmou acreditar que as Forças Armadas vão cumprir o papel de “resguardar a Constituição brasileira”.
Parlamentarismo
O senador também fez uma defesa da adoção do parlamentarismo. “Eu sou parlamentarista, defendo que esse parlamentarismo seja adaptado à nossa cultura, história e tradição. Essa é uma das bases do nosso partido, o PSDB. Hoje, muitos senadores já se posicionam a favor do parlamentarismo”, comentou Tasso.
O senador ponderou, no entanto, que a mudança do sistema de governo depende de uma reforma eleitoral totalmente diferente da discutida recentemente. “O ‘distritão’ seria a destruição dos partidos”, afirmou. Tasso completou que a “ideia básica” de mudança do sistema de governo no Brasil ao parlamentarismo está pronta para ser debatida, porém não na atual legislatura.
O senador tucano ponderou que, embora exista apoio da maioria dos senadores ao parlamentarismo – com cada um defendendo o seu modelo preferido –, será difícil fazer essa discussão na reforma política e eleitoral durante a atual legislatura. Isso porque, disse, a maioria dos deputados foi eleita dentro do sistema atual que prevê reeleição. “Existe receio de que o parlamentarismo coloque em risco suas eleições futuras”, comentou. “É uma ideia provavelmente a ser votada na próxima legislatura para não haver impasse maior”, acrescentou.