(Rádio Eldorado FM 107.3, Estadão))
Às vésperas de completar 75 anos e se aposentar, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, vê com preocupação a atuação dos militares no governo de Jair Bolsonaro. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele condenou o envolvimento de integrantes das Forças Armadas na política. “Os militares devem estar na caserna, nos quartéis. Eles são militares do Estado e não do governo. Aonde vamos parar?”, ressaltou. A tensão aumentou após a reação do Ministério da Defesa ao presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, que criticou o que chamou de “lado podre” das Forças Armadas com suspeitas de corrupção no Ministério da Saúde. Questionado sobre possíveis riscos à democracia, Marco Aurélio respondeu que “o povo não quer golpe”. Sobre a CPI, o ministro disse que é preciso tomar cuidado “para não extrapolar seus limites”, mas admitiu que “é latente a possibilidade de responsabilizar o presidente da República pelo negacionismo”. Marco Aurélio, que conduziu em 1996 a primeira eleição com urna eletrônica, também criticou Bolsonaro pela pregação do voto impresso e auditável. “Eu só posso imaginar que ele esteja receoso de perder a eleição”, afirmou o ministro, após garantir que o sistema eletrônico de votação não está sujeito a fraudes.
Nossa opinião
A reação dos ministros militares à manifestação do Presidente da CPI foi excessiva. Assiz não acusou as Forças Armadas de serem desonestas, citou a existência de militares que denigrem as Forças Armadas, como há muito tempo não se via no país. Numa referência aos excessos de alguns segmentos ao tempo da ditadura militar. Marco Aurélio tem razão em dizer que militares da ativa não deviam estar exercendo cargos políticos no Governo. Onde seus erros denigrem as forças armadas. O próprios militares se sentiram incomodados quando Pazuello assumiu o Ministério da Saúde sem ir para a reserva Temiam que ele trouxessem problemas para o estamento militar ou que terminou acontecendo. .E, ao falar na insistência de Bolsonaro em defender o voto impresso, Marco Aurélio meteu o dedo na ferida, como poucos. A insistência de Bolsonaro em atribuir fraudes nas urnas eletrônicas, o que jamais foi provado desde a sua implantação, mostra o medo que o Presidente tem de uma derrota que se mostra cada vez mais iminente e que ele já procura um pretexto para contestar a um ano e quatro meses de sua realização. (LGLM)