A cidade de Patos sempre contou com um expressivo número de bares instalados nos mais diversos ambientes, esperando a turma que gosta de tomar umas e outras. Como exemplo, podemos citar o Bar de Gavião, Bar de Otávio, Bar do Peixe, do Pato Assado, Bar de Zé do Motor, Bar de Manezinho, Bar da Praça, Bar de Inácio, Bar de Dona Maria do Peixe, Bar da Taba, Baicora, Bar de Zé Paulo, entre tantos outros. Existiu até um com o nome de “Bar Sem Porta” que ficava aberto 24 horas na rua do Prado e o Bar da Lata, que tinha esta denominação por que para se dar “aquela” mijadinha se usava a lata que ficava atrás da porta.
Entretanto, foi na lanchonete instalada bem no centro da cidade, pertinho da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, que além de servir saborosos hamburguês montados pela “Galega”, acompanhados de um delicioso suco de laranja, também enveredava pelo caminho adorado pelos adeptos de uma geladinha. Seu nome: Lanchonete O Pedregulho, de propriedade do ex-vereador Rênio de Araújo Torres.
A principal característica do Pedregulho, como seu nome já anunciava, é que as suas paredes externas eram revestidas de seixos, pedrinhas bem arredondadas, até a altura de 1,5 metros, uma encaixada ao lado da outra, pintadas com verniz, que dava um ar de inovação ao equipamento etílico-gastronômico.
Quanto a identificação da lanchonete quem dá seu depoimento é o renomado pintor patoense Perigo Neto quando descreve o trabalho por ele realizado quando do início da sua carreira artística: “Cheguei a pintar pelo menos umas três faixas com o nome O PEDREGULHO. A faixa era tão extensa que eu pedia licença ao meu amigo Dalman (sobrinho de Zé Tota), para fazer o trabalho nas dependências do Patos Tênis Club. Rênio Torres (primeiro dono do Pedregulho), confiava muito no meu trabalho, e tudo que se relacionava a pintura, era missão minha. Fato é que fui encarregado de elaborar as capas dos cardápios, que ilustrei com cenas regionais. Cada capa tinha uma pintura diferente”.
Segundo o amigo Luiz Carlos, radialista, o Pedregulho foi inaugurado no mês de abril do ano de 1971, já com vista na festa universitária que seria realizada em julho. Na oportunidade, Rênio distribuiu batidas de frutas com os pinguços que se esbaldaram.
O Pedregulho ficava na confluência da rua Solon de Lucena com Peregrino Filho (atual Largo Dom Gerardo), local onde tudo da cidade de Patos ou começa por ali, ou passava sempre em sua frente. Devido a esta particularidade, o ambiente ganhou logo notoriedade e uma freguesia cativa que adorava nele permanecer uma vez que era muito propício para se cultivar a “paquera”; pois devido a sua localização estratégica, sendo caminho inevitável o alunado do Colégio Estadual e do Educandário Cristo Rei, não faltando material para exercer esta prática. E como era salutar o cruzamento dos olhares entre as pessoas que se interessavam por uma aproximação mais estreita. Muitos deles evoluíram, chegando até o altar.
As mesas do Pedregulho estavam sempre lotadas de fregueses tomando suas “geladinhas” e discutindo sobre os mais diversos assuntos, o que acabava sempre na exaltação o sexo feminino. Existia até freguês, que de tanto comparecer ao Pedregulho, tinha lugar reservado: se sentava sempre na mesma mesa e cadeira e já se sabia até o que devia levar para ele consumir. Vários cantores de fama nacional estiveram visitando o Pedregulho, entre eles destacamos Alceu Valência e Luiz Gonzaga, sendo que este último foi levado por Gabi, proprietário da Firma Fumo DuBom, que tinha no Rei do Baião, seu artista predileto para divulgar e promover a sua marca.
Em todos os momentos festivos da Rainha do Sertão, o Pedregulho era sempre um espaço privilegiado para se iniciar uma noitada alegre. Seja no carnaval, São João, festas universitárias, semanas folclóricas, natal e ano novo. Em todos estes grandes eventos realizados na cidade, basta se olhar as fotos das suas realizações, para se constatar que o Pedregulho era o point da moçada patoense. Quem não se lembra do encerramento do desfile do Bloco do Baicora, em sua proximidade?!… Inclusive, com o tradicional banho de mangueira.
Com a transferência de Rênio Tôrres para a capital do Estado, o Pedregulho foi arrendado a Otávio, antigo proprietário do restaurante Granada.
Atualmente a Lanchonete O Pedregulho já não mais existe. Entretanto, os momentos inesquecíveis patrocinados por ele aos seus assíduos frequentadores são sempre motivo de agradáveis recordações. Principalmente quando se encontra reunida uma turma de patoenses, cultivando as coisas boas, os fatos relevantes e os personagens inolvidáveis que contribuíram com a grandeza da Morada do Sol.