O competente e irrequieto historiador José Octávio de Arruda Mello que sempre se encontra envolvido em algum projeto ligado a história cotidiana e revisionista da Paraíba, se empenhou desta feita como coordenador e coautor da publicação Na Saga do Autinho do Amor ou As Peripécias do Macaco Altino, que registra a evolução futebolística do Auto Esporte, time criado por taxistas no início da década de 30, na Praça do Relógio, hoje conhecida como Ponto de Cem Réis, em João Pessoa, capital do Estado. Dentro deste contexto, fomos por ele procurados para levantarmos os jogos realizados pelo Auto Esporte com os times da cidade de Patos: Esporte e Nacional, a fim de serem incluídos no seu livro registro. Com este propósito enfocamos duas partidas, que aconteceram na década de 50, uma no Campo do Estrela e a outra no Campo do Ginásio Diocesano, entre o Auto Esporte e o “Terror do Sertão”. Também nos reportamos ao campeonato estadual de 1990, onde as três equipes se fizeram presentes. E assim, Patos entrou também no livro que cultivou a memória futebolística do Auto.
De acordo com Mazim de Zé Conrado, irmão de Sales, que jogou no Esporte logo na sua fase inicial, o primeiro jogo do Esporte de Patos com o Auto Esporte da capital paraibana aconteceu no Campo do Estrela, no ano de 1952 e o placar favorável ao time local foi de 4X2. E lembra Mazim de Zé Conrado: “Neste jogo teve até um arranca-rabo de Zéu Palmeira com o zagueirão Kleber do Auto Esporte”. Os jogadores do Auto ficaram hospedados no Hotel Central de Biu Farias.
Uma grande plateia prestigiou a partida e com a vitória do time da “casa” os torcedores fizeram uma grande festa após o término do jogo. Durante todo o fim de tarde e noite os bares e restaurantes da cidade ficaram lotados de torcedores comemorando a vitória do Esporte.
Com a instalação do Ginásio Diocesano em Patos (1937) e com a chegada do Padre Manuel Vieira para dirigi-lo, o setor cultural e esportivo da cidade cresceu de forma acentuada. Como o Esporte Clube de Patos teve que deixar de realizar suas atividades no Campo do Estrela, em virtude da construção no local do campo, das novas instalações do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens, o desportista Zéu Palmeira manteve entendimento com o Padre Vieira que, além de murar o campo que existia por traz do Ginásio Diocesano e que vinha servindo para a realização da educação física dos alunos do educandário, ainda o disponibilizou de arquibancada (a primeira de todo o sertão paraibano), dando-lhe condições para treinos e jogos amistosos.
Dentre as características do Campo do Ginásio, na sua entrada foi colocado o velho portão de ferro que pertencera ao II Batalhão de Polícia, corporação militar que funcionou por muito tempo no local onde o Ginásio fora implantado. De um lado da arquibancada ficava o “quarto” onde as equipes se trocavam. Do outro as dependências onde residia o Padre Assis. Inclusive, muitos dos jogos ali realizados foram transmitidos dos seus aposentos. Como lembrava o radialista José Augusto Longo.
As traves eram colocadas no sentido norte/sul e havia no lado leste do campo, um grande poço amazonas e os pés de canafístulas. No Campo do Ginásio, o Esporte Clube de Patos deitou e rolou. Teve a supremacia de resultados em cima do seu grande rival, o Nacional Atlético Clube. Além disso, obteve excelentes resultados ao jogar com equipes do Nordeste (ABC e Potiguar do RG do Norte, Central de Caruaru, Esporte e Vovozinha, ambos do Recife); e, com times do Rio de Janeiro (São Cristóvão e Portuguesa).
No Campo do Ginásio aconteceu em 1955 a segunda partida entre o “Terror do Sertão” e o Auto Esporte. Segundo Zéu Palmeira que participou deste jogo, sua realização fez parte das festividades alusivas ao Jubileu de Prata Sacerdotal do Cônego Manoel Vieira, grande evento que Patos acompanhou de 16 a 19 de outubro, com uma substanciosa programação. Quem se recorda bem ao placar desta partida é Armando Leite Benício (Armando Bacurau), grande conhecedor da evolução do futebol patoense que garante que o jogo saiu 2 a 1 para o time de Patos. O que é confirmado por Zeu Palmeira. Ainda em relação a este encontro futebolístico, Mazim de Zé Conrado, portador de uma memória prodigiosa sobre o futebol local, acrescenta que este jogo foi o primeiro transmitido “ao vivo” pela Rádio Espinharas de Patos.
No ano de 1990, a Federação Paraibana de Futebol promoveu o seu 81º campeonato de futebol, tendo como participante as seguintes equipes: Atlético Cajazeirense de Desportos (Cajazeiras), Auto Esporte Clube (João Pessoa) Botafogo Futebol Clube (João Pessoa) Campinense Clube (Campina Grande) Esporte Clube de Patos (Patos) Guarabira Esporte Clube (Guarabira) Nacional Atlético Clube (Cabedelo) Nacional Atlético Clube (Patos) Santa Cruz Recreativo Esporte Clube (Santa Rita) Santos Futebol Clube (João Pessoa) Sousa Esporte Clube (Sousa) E Treze Futebol Clube (Campina Grande).
O Nacional de Patos foi o campeão do 1º turno, inclusive recebendo a Taça Dr. Gilvan Freire. O 2º turno foi vencido pelo Auto Esporte. Na Fase final o Auto Esporte foi o campeão do campeonato, o Nacional de Patos o vice e o Esporte ficando em 3º lugar.