Mesmo com maioria vacinada, país deve manter alerta contra Covid, diz especialista

By | 18/07/2021 6:41 am

Máscara, distanciamento e ventilação continuam importantes no combate ao coronavírus

(Patrícia Pasquini, na Folha em 17/07/2021), seguido de comentário nosso)

Mesmo que a maioria da população brasileira esteja vacinada contra a Covid no segundo semestre, o país precisará manter outros cuidados para conter a disseminação do coronavírus, afirma Claudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz, membro do Observatório Covid-19 BR e gestor da Anesp (Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental).

“Embora a previsão seja a de que a população dos grupos elegíveis para a vacinação em grande parte já terá sido vacinada até o final do ano, teremos três preocupações: vacinados que não ficaram imunes, portanto, além de transmitirem a Covid-19 podem ficar doentes; pessoas que deveriam ter tomado a vacina e não o fizeram por alguma razão; e o fato de a quantidade de crianças não vacinadas ser suficiente para manter o vírus em circulação”, diz Maierovitch.

A questão, diz ele, não é só levar em conta as novas variantes do coronavírus, mas considerar o comportamento da população.

“Se as pessoas voltarem a aglomerar, deixarem de usar máscaras e abandonarem os cuidados, a vacina não vai segurar. Estamos em plena pandemia e com números que continuam trágicos. Não é para brincar de contente porque melhorou um pouquinho. É uma tragédia, como se caíssem quatro ou cinco boeings por dia”, afirma Maierovitch.

“As pessoas perderam o referencial. Quando atingimos mil mortes por dia, todos ficamos horrorizados, e com razão. Continuamos hoje num patamar superior a esse, do pior momento do ano passado, mesmo com esse alívio que começou a acontecer nas últimas semanas”, diz o sanitarista.

Para ele, campanhas para orientar e atualizar a população sobre as formas de transmissão precisam ser realizadas. “Quase não percebemos a existência da campanha de prevenção e para o uso de máscara do governo federal. Deveríamos ter também uma campanha chamando as pessoas para a vacinação”, diz.

Por esse motivo, um grupo de cientistas, pesquisadores e gestores públicos lançou a campanha InformarPrevenirSalvar. A iniciativa é do Observatório Covid-19 BR e da Anesp com o apoio da Frente Nacional de Prefeitos, Consórcio Conectar, Instituto Alziras, Instituto Arapyaú, Vital Strategies e ImpulsoGov.

material da campanha —portal, cartilha, vídeos, proposta de decreto municipal, conteúdos de capacitação e comunicação— traz à população em geral, a gestores públicos e aos agentes comunitários de saúde informações atualizadas sobre as medidas para prevenir a transmissão do vírus.

A ideia é chamar a atenção para o tripé máscara, distanciamento social e ventilação, já que a principal forma de transmissão do coronavírus é pelas vias aéreas.

“A ciência tem novas descobertas. O vírus é novo. No ano passado, sabíamos zero sobre ele e, aos poucos, o conhecimento avançou. Tem coisas que achávamos que funcionava de um jeito, mas funciona de outro. É o caso de um dos vértices desse triângulo, que é a ventilação”, diz Marcia Castro, cientista, professora de demografia da Faculdade de Saúde Pública de Harvard e membro do Observatório Covid-19 BR.

“Por muito tempo, não era a ventilação que aparecia como uma das coisas mais importantes. Tinha muito aquele foco de lavar tudo e usar álcool em gel. Hoje, entendemos que é exatamente pelo ar, através dessas partículas chamadas aerossóis, que a transmissão se dá”, afirma.

A campanha InformarPrevenirSalvar elaborou uma cartilha para os agentes comunitários. É uma coletânea das dúvidas desses profissionais sobre a Covid.

A cartilha inclui informações sobre os sintomas da doença, a diferença entre as cepas, vacinação, o melhor tipo de máscara, novos protocolos a serem seguidos, orientações sobre distanciamento físico em ambientes fechados e o quanto falar alto facilita a transmissão do vírus.

“O agente tinha que ser a espinha dorsal da resposta à pandemia, porque ele trabalha e mora na comunidade. É a pessoa que tem a confiança da população que serve. Ele sabe onde estão as pessoas com comorbidades, quem mora em casa onde não há ventilação e nem condições de isolar o familiar que se torna um caso suspeito, por exemplo. Então, ele é o olho da vigilância na ponta, onde tudo acontece”, diz Castro.

Para as prefeituras, a ideia é garantir que haja a melhor qualidade do gasto possível nos investimentos feitos para a prevenção, diz Pedro Pontual, presidente da Anesp (Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental).

“A atualização do protocolo deveria ser um destaque. Não gaste dinheiro comprando termômetro digital. Compre máscara PFF2 e distribua. Aquele termômetro para checar a temperatura é um instrumento muito menos eficaz do que o investimento em máscara. Hoje, a ciência deixa isso muito claro”, afirma Pontual.

“Essa tragédia cria desafios, e com isso todo mundo aprende. É uma oportunidade de entender um pouco das complexidades que existem na ação do estado. É o momento de amadurecimento da compreensão do que é um Sistema Único de Saúde e o quão potente é a articulação entre as partes”, afirma.

Nossa opinião

  • A pandemia não se acabou, nem ninguém sabe se um dia se acabará. E se deixarmos de tomar as medidas sanitárias recomendadas pelas autoridades, ela pode nunca se acabar. Vejam o exemplo dos Estados Unidos. Com a maior parte da população vacinada, o número de infectados voltou a aumentar, principalmente por conta das novas variantes que vão aparecendo. E estas variantes são cada vez mais perigosas. Portanto, nada de abrir a guardar, nada de afrouxar a vigilância. Nada de aglomerações. Continuemos a usar as máscaras, a lavar as mãos com água e sabão ou com álcool gel 70%, a fazer higiene total sempre que chegarmos em casa. (LGLM)

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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