Não são poucas as pessoas que buscando melhores condições de vida se deslocam das suas cidades de origem para outros centros mais desenvolvidos, esperando conseguir um trabalho digno que venha lhe oferecer segurança e prosperidade; resultando no alcance dos seus almejados objetivos.
Sabemos, no entanto, que o caminho a ser percorrido não é nada fácil. Depende muito do foco no empreendedorismo, dedicação e cordialidade de quem deseja fazê-lo. Estes requisitos foram por demais cultivados por Estevam Martins da Costa durante a sua existência, o que lhe garantiu grandes amizades, sucesso nas atividades empresariais e um convívio invejável com os seus familiares.
Natural de Taperoá, nascido em 1923, Estevam era filho do agricultor Severino José Inácio e de Maria Martins da Costa, oriundo de uma família de 10 irmãos. Nos primeiros tempos esteve trabalhando na agricultura, ajudando na subsistência familiar.
Em 1940, já com 17 anos, Estevam vendia frutas em baixo de uma barraca armada na beira da estrada em Estaca Zero, local que depois passou a se chamar Assunção. Certo dia apareceu no seu local de trabalho, Zé Fortunato que dirigia um caminhão com destino a Campina Grande. Travando conversa com ele, Estevam veio a descobrir que o motorista era de Patos, cidade bem maior de que a que ele morava, oportunidade em que manifestou a imensa vontade que tinha de viver num canto assim. Zé Fortunato, vendo a sua determinação, disse-lhe que na volta o levava consigo. E assim foi feito.
Chegando em Patos, Estevam saltou do caminhão no centro da cidade e arranjou logo um trabalho de garçom no Hotel Central, que pertencia a Francisco Dantas. Com o passar dos anos, paralelo a esta função instalou ali perto uma pequena bodega.
Exercendo a função de garçom nas festas, Estevam começou a conhecer mais pessoas; aumentando assim, o seu círculo de amizade. E logo seus negócios foram aumentando, chegando a montar um armazém de estiva que lhe deu excelentes resultados. Como o novo investimento exigia uma maior mão de obra, ele foi buscar nos familiares que deixou em Taperoá quando veio pra Patos.
Pelo tempo que trabalhou no Hotel Central, Estevam vivia a relembrar os momentos difíceis que por lá passou, bem como os desafios enfrentados e vencidos com muito otimismo. Diante deste quadro, a partir de um certo momento,
seu objetivo passou a ser a compra do imóvel. E graças a sociedade que ele fez com Dr. Lauro Queiroz, tornou seu sonho realidade. E até o aumentou, quando conseguiu comprar a parte do sócio.
Foi ele precursor na construção de conjunto residencial na cidade de Patos, ao edificar no ano de 1951, 10 casas e 1 armazém no São Sebastião, local que ficou sendo conhecido por longo tempo como Rua de Estevam. No ano de 1970, com o tricampeonato da seleção brasileira, mudaram o nome da rua para “Guadalajara”. Outro investimento importante ele realizou no Jardim Queiroz, quando foram construídos 10 armazéns e 38 casas, nas imediações da atual Igreja Santa Maria Madalena.
Empresário nato e visionista, tornou-se representante de vendas de passagem das antigas empresas Gaivota, Andorinha, Ipalma, e, da Patoense, de propriedade de Hardman Cavalcante Pinto, com loja sediada na esquina, que faz confluência das ruas Pedro Firmino com Rui Barbosa. Neste ambiente, Estevam tinha um funcionário de nome Biró que possuía uma bicicleta Merck Suisse mais enfeitada que cruz de beira de estrada. Fazia sucesso com ela por onde passava e a sua ornamentação chamava a atenção de todos, com suas luzes, buzinas, bandeirolas, raios coloridos e outros atrativos.
Seu Estevam era cheio de promissoras ideias. E o melhor mesmo é que ele sempre conseguia viabilizá-las, como foi o caso da IMPECI, da fábrica de doces no bairro do Morro, onde também funcionou uma fábrica de sabão. Ele também adquiriu a Viação Patos a qual passou a ser chamada de Transpatos, que serviu a população patoense por muito tempo. Foi também de sua iniciativa a construção do Water Play.
Em 1982, começou a realizar o seu maior empreendimento ao construir no local onde existiu o Hotel Central, um prédio com 5 andares, o primeiro com elevador na cidade, o qual recebeu o nome de “Edifício Estevam”. Atualmente, o prédio absorve uma grande quantidade de empresas comerciais.
Pelo substancioso trabalho empreendido no desenvolvimento habitacional da cidade de Patos, em 1981 Seu Estevam tornou-se cidadão patoense, por propositura do vereador Abdias Guedes, aprovada por unanimidade pelos membros da Casa Juvenal Lúcio de Sousa
Seu falecimento ocorreu em 05 de junho de 2006, sendo sepultado no Cemitério São Miguel. No ano de 2015, faleceu a esposa, dona Maria de Lourdes Lucena Costa. O filho Carlos Estevam, renomado colunista social, conhecedor do amor e companheirismo que os haviam unidos por toda a vida, resolveu trazer do São Miguel os restos mortais do pai para ficarem para sempre ao lado da esposa estimada no Cemitério Jardim da Paz, na cidade de Patos, Estado da Paraíba.