(Análise de Josival Pereira, 02/08/2021, com comentário nosso)
Dificilmente, o pastor Sérgio Queiroz vai tornar pública as razões que o fizeram largar o cargo de secretário de Modernização do Estado que exercia no governo Bolsonaro.
Além de discreto, correto e ponderado, a incursão do pastor Sérgio na vida pública, exercendo cargos no governo federal, parecia ter caráter de missão do ministério religioso que abraça. Assim, o essencial das razões talvez tenham a ver com a vontade divina, consultada por ele, como dito em sua mensagem, através de orações.
Com certeza, porém, existem motivações humanas que impulsionaram o pastor Sérgio a largar Brasília para se dedicar aos estudos na Espanha, um pós-doutorado que pesquisa o impacto da corrupção na fruição dos direitos sociais. Como não é do mundo da política, essas vão ser do conhecimento de um pequeno ciclo.
Contudo, é possível extrair da conjuntura e da leitura da mensagem do pastor Sérgio Queiroz anunciando sua decisão duas ou três razões que o teriam levado a interromper sua atuação no governo Bolsonaro.
Uma razão relevante pode ter sido o deslocamento de função. O pastor Sérgio, depois do trabalho na comissão de transição, foi designado para cargos na área social, direitos humanos, que está mais próxima de sua ação social. O desafio de propor políticas de modernização do Estado é relevante, mas tem um certo caráter burocrático, longe das causas às quais o pastor tem se dedicado na Paraíba e no mundo.
Outro motivo talvez tenha a ver com a conjuntura vivida em Brasília, mais precisamente no Palácio do Planalto, com a chegada do centrão na Casa Civil e a entrega da Secretaria da Geral da Presidência ao grupo militar do governo. Pode ser apenas coincidência, mas é possível que o pastor Sérgio tenha concluído que o governo ao qual ele se dispôs a servir desde seu início esteja se distanciando amplamente de seus propósitos originais.
Na mensagem que postou nas redes sociais, o pastor Sérgio faz um agradecimento ao ministro Onyx Lorenzoni pelo convite para ocupar uma Secretaria no novo Ministério do Trabalho. Este item soa como uma revelação de que, com a saída de Lorenzoni do Palácio do Planalto, ele se sentiria desacomodado na nova formatação da Secretaria Geral.
Pode ser ainda que o pastor Sérgio Queiroz tenha apenas concluído que a política é uma atividade a ser salva, mas que seu ministério pede missões menos insalubre no momento.
Nossa opinião
- O Pastor Sérgio, a quem conhecemos de perto, pois foi nosso colega como auditor fiscal do trabalho, é bom demais, em todos os sentidos, para participar da atual equipe governante. Devia está muito pouco à vontade. Claro que é ponderado e discreto o suficiente para não revelar as verdadeiras razões de sua saída. (LGLM)