A crença é de que o presidente não quer aparecer como derrotado e covarde para seus seguidores mais fieis
(Mônica Bérgamo, colunista da Folha, em 12/08/2021)
Os seguidos ataques de Jair Bolsonaro ao Judiciário, mantidos mesmo depois do anunciado acordo que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, diz ter feito com ele para que recuasse, estão sendo vistos como puro teatro por parlamentares que se opuseram ao voto impresso.
EM CENA
Pelo acordo divulgado por Lira, o voto impresso seria votado no plenário da Câmara, evitando que Bolsonaro aparecesse como perdedor diante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal.
CENA 2
Em troca, o TSE anunciaria um plano para tornar a auditagem das urnas eletrônicas ainda mais transparente. O que já foi feito. E Bolsonaro pararia de xingar os magistrados. O que ele ainda não fez.
CENA 3
A crença é de que o presidente não quer aparecer como derrotado e covarde para seus seguidores mais fieis. Mas não tem força, no entanto, para seguir no ataque e confrontar Arthur Lira, o fiador do acordo.
CENA 4
Lira teria mostrado sua força e controle do plenário na derrota do voto impresso. Bolsonaro, por isso mesmo, em breve deve recuar, acreditam parlamentares. Ainda que vez ou outra siga dando alguma declaração polêmica.