O senhor João Faustino Filho, de 57 anos, atende pacientemente cada freguês que adentra em busca de algo na Mercearia Faustino, localizada na Rua Felizardo Leite, Bairro Liberdade, em Patos. O ambiente simples tem força arrebatadora, pois obriga o visitante a fazer uma viagem para a década de 70 do século 20.
A sacola de papel, o pedaço de madeira sobre o futuro embrulho para mercadorias mais robustas, as imagens sacras protegidas, o balcão com o pacote de tareco e da bolacha preta, a balança ao alcance para o peso certeiro e os demais objetos que venceram o tempo no ambiente que parece tirado de filme com roteiro que resgata a antiguidade, mas tudo é original e tem seu significado naquele espaço modesto.
Não passam despercebidos os bonecos do “Gordo e o Magro”, personagens marcantes do cinema mudo na década de 20. Bonecos raros e que ali tem apenas seu valor simbólico para curiosos. Quadros com recados e o velho alerta de não vendo fiado que vez por outra é ignorado pelo próprio dono, pois a caderneta não deixa mentir que o fiado tem guarida na Mercearia Faustino.
O estabelecimento comercial foi aberto em 1973 por João Faustino de Sousa, pai do senhor João Faustino, que passou a administrar a Mercearia Faustino com a ausência do patriarca da família. Dos 10 filhos, aquele garotinho de apenas 8 anos de idade, que acompanhava o pai no dia a dia da bodega, foi tomando gosto por tudo. Desde então, ainda está presente no mesmo local com as lembranças vivas do passado.
“Seu João! Me dê um refri e o resto de pelota”, diz a garotinha que parece estar chegando da escola e coloca suas moedas sobre o balcão. Sai a menina e entra um senhor pedindo quatro borós, um tipo de cigarro simples preparado artesanalmente. De pronto, os fregueses estão atendidos e Seu João retoma a conversa com a reportagem.
A Mercearia Faustino é aberta de domingo a domingo com horários reduzidos nos finais de semana. Seu João e sua família moram em frente ao estabelecimento e isso facilita a abertura.
A Mercearia Faustino é patrimônio imaterial que vence o tempo na cidade de Patos e nós agradecemos pela sua resistência.
Nossa opinião
- Parabéns ao Jozivan para a excelente matéria. Eu só fã das bodegas. Nos meus tempos de “moleque de recados” no Armazém do Leão, conheci quase todos os bodegueiros de Patos. Que me perdoem as falhas de memória, mas vou lembrar de alguns desde a minha infância na rua dos Dezoito: Manoel Doca, Zezé Moreira, Sabino Viana, Manoel Perônico, Anselmo, Zé Gimba, Antônio Davi (na rua dos Dezoito), Inácia Bezerra, Antônio Praxedes, Raimundo Xavier, (na Augusto dos Anjos), Bernardino (na Padre Anchieta) “seu” Bichinho” (Florentino Felipe dos Santos) e Expedito Delfino (na Irineu Jófilly),, Adauto Lilioso, Zé Izaías, Dino Guedes, Dino Mouco, Genival Gomes (na rua da Pedra) (no Centro), Dinamérico Palmeira (na Leôncio Wanderley), Odilon Germano, Chicão, Pedro Candeia, “seu” Eugênio, Zé Carreiro (no Belo Horizonte), Manu e Roque Balbino (no Bastião) e muitos outros. “Seu” Chico Guedes, na rua do Prado, ainda resiste ali na rua do Prado, esquina com a Duque de Caxias, e mais recentemente as Bodegas do Sertão, com matriz ao lado da Igreja de Santo Antônio, estas especializadas em produtos sertanejos. (LGLM)