(Thaís Oyama, colunista do UOL, em 04/10/2021)
Importantes lideranças do bloco do Centrão já falam abertamente na possibilidade de derrota do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Para representantes do PP, uma das principais siglas do bloco, a única forma de o ex-capitão chegar “minimamente competitivo” na disputa é de crescer entre o eleitorado das chamadas classes D e E, onde estão os que vivem entre a pobreza e a extrema pobreza.
Isso porque, na visão desses aliados, a queda no apoio ao presidente no segmento da classe média — iniciada na pandemia e aprofundada com o impacto da inflação sobre o preço dos combustíveis e dos alimentos— já seria irreversível. O último Datafolha mostrou que foi nesse grupo que mais cresceu a rejeição a Bolsonaro, hoje em inéditos 53%.
Mas ainda que o horizonte pareça plúmbeo para o ex-capitão, lideranças do PP não apenas desconsideram abandoná-lo por enquanto como defendem a sua filiação à sigla com base num cálculo simples.
Forte no Nordeste, o PP de Ciro Nogueira praticamente não tem penetração, por exemplo, em São Paulo, onde a aprovação de Bolsonaro se mantém relativamente alta.
Como o que conta para as legendas são as cifras do fundo partidário e eleitoral — e como o valor desses fundos depende sobretudo do número de votos para deputados federais que elas conseguem amealhar— a influência do presidente em colégios eleitorais importantes como São Paulo e Rio de Janeiro pode ser determinante para estufar os cofres da sigla, garantindo poder e influência aos seus caciques
No caso do PP, lideranças calculam que, somando os votos de legenda com a força de puxadores de voto como os deputados Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli, ambos do PSL, mas candidatos certos a migrar para o PP junto com o ex-capitão, o partido conseguiria aumentar em até um terço a sua bancada na Câmara, hoje de 42 parlamentares.
Num momento em que o PSL se une ao DEM para formar um super-partido e o PSD se prepara para entrar em campo com um candidato à Presidência, ter em seus quadros um presidente da República, ainda que capenga, é o melhor que o PP pode querer.
Nossa opinião
- Para os politicos brasileiros só duas coisas importam: poder e dinheiro. Como Bolsonaro pode não representar mais poder a partir de 2022, o PP aposta na possibilidade de obter mais dinheiro dos Fundos Partidário e Eleitoral, se fizer um grande bancada de deputados. Outro exemplo foi dado pela fusão do DEM com o PSL. O PSL que manter uma grande bancada a partir de 2022 o que representará muito dinheiro dos mesmos Fundos, mas não tem o chama de Bolsonaro, nem a estrutura partidária que o DEM tem. Já o DEM visa os recursos dos dois fundos que vai ter com a fusão atual com o PSL para garantir, com a estrutura que tem, um grande bancada e mais fundos a partir de 2022. (LGLM)
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