Lula e fusão PSL-DEM pressionam Bolsonaro a acelerar filiação ao PP

By | 07/10/2021 2:31 pm

Presidente está com pé no partido; expectativa é fazer anúncio oficial até o fim de outubro

(Murilo Fagundes. Caio Spechoto e Emily Behnke, 07/10/2021, no Poder 360)

Bolsonaro ao lado de Ciro Nogueira e Arthur Lira em reunião na Câmara

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de entrega do Auxílio Brasil à Câmara; Ciro Nogueira, cacique do PP, busca acelerar filiação do presidente

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As movimentações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a fusão de PSL e DEM pressionaram o presidente Jair Bolsonaro a acelerar sua busca por um novo partido. Agora, ele está com um pé no PP, ao qual já foi filiado por 11 anos.

Trata-se de uma corrida por espaço que Bolsonaro faz o possível para não perder:

Lula – o petista lidera as pesquisas de intenção de voto e avança sobre integrantes do Centrão, que hoje apoia Bolsonaro;

União Brasil – a fusão de PSL e DEM estrutura uma força política, a princípio não bolsonarista, que disputa votos no mesmo campo do presidente.

A expectativa da cúpula do PP é que a filiação de Bolsonaro seja anunciada até o fim de outubro. Ainda há, porém, resistência no mínimo nos diretórios pepistas dos seguintes Estados:

BA – o partido não só é aliado do PT há anos como ocupa a vice do governador petista Rui Costa;

PE – a sigla é aliada do governo estadual, do PSB, que deve alinhar-se a Lula;

PB – Aguinaldo Ribeiro, principal nome do PP no Estado, quer ser candidato ao Senado e avalia que terá mais votos se ficar do lado de Lula.

Também há resistência no diretório estadual do Rio de Janeiro. O atual presidente local é o deputado Luiz Antonio Teixeira Jr, que provavelmente perderia espaço. O Estado é o berço político de Bolsonaro.

Além disso, há resistência em praticamente todos os locais onde Lula é mais popular do que Bolsonaro –principalmente no Nordeste–, ainda que a direção do PP julgue serem óbices de resolução mais simples.

Cerca de metade da bancada de 42 deputados da sigla estaria desconfortável com o provável novo filiado, mas não deve ficar contra Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e principal cacique do PP.

Ele passou a consultar os presidentes estaduais da legenda sobre possível filiação de Bolsonaro há cerca de 3 semanas. Além de Ciro, participa da operação política Fábio Faria, ministro das Comunicações que deverá se filiar à legenda.

Bolsonaro quer indicar os candidatos do partido ao Senado em Estados importantes como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Minas Gerais. Essa teria sido uma de suas únicas exigências.

Ciro Nogueira deverá pressionar candidatos da sigla no ano que vem a se colocarem a favor de Bolsonaro e contra Lula mesmo em Estados onde o petista é mais forte. Mas aliados do cacique acham improvável punições severas a quem não seguir a orientação.

O petista está fazendo viagens pelo Brasil e reunindo-se com políticos de fora de seu grupo político. Quando esteve em Pernambuco, em agosto, conversou com o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), por exemplo –além de outros nomes do Centrão.

O próprio Ciro poderá ter dificuldades nas próximas eleições com a proximidade com Bolsonaro: ele é pré-candidato a governador do Piauí, onde o PT está no poder e é forte.

CASAMENTO ANTIGO

Bolsonaro não comenta publicamente os últimos passos na direção de um novo partido. Em agosto, com a chegada de Ciro Nogueira ao principal ministério do governo, o presidente disse em entrevista à TV Piauí que “existia a chance” de ir para o PP, mas que o partido precisaria aceitá-lo. Na ocasião, Bolsonaro declarou preferir aguardar para negociar sua ida.

“Existe [a chance]. Mas não basta eu querer ir para lá. Eles têm que me aceitar também. É igual um pedido de casamento. Você pode não me aceitar. Parece que o PP está numa fase de possíveis fusões por aí. Como tem tempo ainda, eles vão esperar o melhor momento de acontecer, daí, se acontecer, se eu não tiver casado com outro até lá, a gente negocia”, afirmou em 3 de agosto.

Bolsonaro está sem partido desde novembro de 2019, quando entrou em conflito com a direção do PSL. Ele havia se filiado à legenda no ano anterior para concorrer ao Planalto.

O PP chegou a negociar fusão com o PSL e o DEM, mas a conversa não evoluiu. Agora as forças contrárias as filiações de Bolsonaro atrofiaram. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que antes não se movia pelo embarque do chefe do Executivo, hoje diz aos colegas que apoia a filiação.

Antes, Bolsonaro recebeu convites para ir ao PTB, ao PRTB e ao Patriota. O PTB continua no radar do presidente, com menos chances. O PL também não deixou de ser opção.

Bolsonaro foi o pivô de um racha no Patriota. Adilson Barroso, então presidente da sigla, chegou a aprovar mudanças no estatuto para atrair o chefe do Planalto. O movimento desagradou parte dos integrantes do partido. O impasse resultou em uma divisão na sigla e no afastamento de Barroso do cargo.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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