O presidente Jair Bolsonaro está prestes a atroçoar seu quarto ministro da Saúde. Poderia ser moer, triturar, despedaçar, fritar, mas é pior. O produto final a que foi transformado o ex-ministro Eduardo Pazuello, por exemplo, não foi outra coisa que não um troço.
Os outros dois ministros quase chegaram a tanto, mas escaparam por pouco.
O ex-ministro Nelson Teich ficou pouco tempo no cargo. Depois que saiu, alegou ter sido contra o desejo de Bolsonaro de ver o Ministério da Saúde recomendando o tratamento precoce e receitando cloroquina e ivermectina contra a Covid-19.
A alegação de resistência ao comando presidencial e o pouco tempo em que ficou no Ministério ajudaram a salvar sua reputação profissional, sem antes ter sido arranhada pela aparente subserviência, tibieza de ações e claramente ter tido o poder subtraído pelo gabinete paralelo. Ficou um tempo feito troço lá no Ministério enquanto o presidente discutia o enfrentamento da pandemia com a médica Nise Yamaguchi e o deputado Osmar Terra.
Com maior experiência política, o ministro Luiz Henrique Mandetta conseguiu resistir mais de um ano no cargo. O fato de ter se destacado pela eficiência no comando da Saúde lhe deu força para enfrentar o presidente por mais tempo e traçar a estratégia de enfrentamento da pandemia, seguindo orientações da ciência e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas enfrentou uma luta interna destroçante.
Difícil não imaginar agora que o destino do ministro Marcelo Queiroga seja semelhante ao dos ex-ministros, sendo que descamba para chegar à situação de Pazuello.
Pior é que os últimos acontecimentos atuam contra Queiroga. A pedido de Bolsonaro, ele está há quase dois meses falando em desobrigar o uso de máscaras; tem agido para desmerecer a CoronaVac e até comprado briga com o governador de São Paulo, João Doria, por causa de vacinas; participou de todas as presepadas da comitiva presidencial em Nova York e ainda estirou o dedo para manifestantes e, agora, parece envolvido em uma manobra para não permitir que a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS) aprove protocolo que condena o uso o “Kit covid”.
A imprensa nacional fala de uma bronca de Bolsonaro em Queiroga e de uma ordem para suspender a reunião da Conitec. Expõe o ministro como um dos auxiliares mais subservientes ao presidente e traça semelhanças com a situação de Pazuello.
O governo Bolsonaro tem se constituído numa terrível máquina de destruir ministros. Entram com renome e vão-se com desdouro. Lamentável se Queiroga aceitar tanto.
Nossa opinião
- E com todo este desgaste, Marcelo Queiroga ainda tem a ilusão de pensar em ser candidato a senador pela Paraíba. Como se Bolsonaro ainda estivesse com a “corda toda”, iludindo o povo brasileiro, como aconteceu em 2018, elegendo dezenas de “postes”. (LGLM)