(José Romildo Sousa, Escritor, poeta, historiador e consultor cultural)
Um forte movimento, ligado a área da aviação, foi iniciado em Patos no início da década de 40, quando uma turma de apaixonados pelas “alturas” resolveu criar o seu Aeroclube.
Diante desta perspectiva, começaram a implantar na parte leste da cidade, o campo de aviação com pista, hangar e tudo mais necessário que ficou logo sendo denominado de Aeroporto “Santa Teresa”, em virtude do local onde o equipamento fora construído ser conhecido por este nome.
A escola de pilotagem do Aeroclube foi inaugurada no dia 24 de maio de 1942 e no final do mês de dezembro, o campo de aviação tinha sua estrutura física concluída. Sua inauguração foi realizada pelo patoense Firmino Ayres de Araújo, na época 1º Tenente da Aeronáutica, que realizou o primeiro pouso no recém instalado aeroporto.
Após o falecimento de José Peregrino de Araújo Filho, popularmente conhecido por Dr. Pedro, que governou o município de Patos por 15 anos, as autoridades locais resolveram homenageá-lo usando o seu nome para intitular o Aeroporto das Espinharas. Entretanto, por uma decisão unânime dos seus descendentes, tendo em vista que “Dr. Pedro” já tinha seu nome na Maternidade Peregrino Filho, resolveram que o aeroporto local passaria a se chamar de Brigadeiro Firmino Ayres, desejo que foi oficializado através da Lei Municipal nº 1.443, datada de 1983, propositura do vereador Petrônio Lucena Barbosa subscrita pelo colega Apolônio Gonçalves de Lima, aprovada pela Casa Juvenal Lúcio de Sousa e sancionada pelo Prefeito Rivaldo Nóbrega Medeiros.
Dentro deste contexto, desejamos com esta resenha cultivar a memória do Brigadeiro Firmino Ayres, ilustre personalidade que se empenhou na luta em prol do desenvolvimento da aviação na Morada do Sol.
Firmino Ayres de Araújo nasceu na cidade de Patos, Estado da Paraíba, em 04 de novembro de 1914, tendo como genitor José Peregrino de Araújo Filho, que foi o primeiro médico a instalar um consultório em Patos, governou o município de 1913 a 1929, teve como genitora Maria Firmino Ayres de Araújo – Dona Marica na intimidade. Era neto de Coronel da Guarda Nacional Firmino Ayres Albano da Costa, de quem herdou o nome. Tinha como irmãos Severino Ayres de Araujo (Médico), Osman Ayres de Araújo (Médico), Hiran Ayres de Araújo (Médico), Odmar Ayres de Araújo (Funcionário da CEF) e Walter Ayres de Araújo (Dentista). Teve também uma irmã que faleceu nos primeiros anos de vida.
Quando atingiu a maioridade Firmino Ayres ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. De lá foi transferido, sucessivamente, para Recife (PE), Campo Grande (MS), Salvador (BA) e Natal (RN).
Casou-se pela 1ª vez com Lúcia Vasconcelos de Araújo, filha do Almirante Fábio Vasconcelos; deste enlace matrimonial, nasceram os filhos Carlos Alberto, Regina e Ana Maria. Lúcia faleceu em desastre aéreo ocorrido em Salvador. Tornando-se viúvo, Firmino Ayres casou-se com Deolinda Pergentino de Araújo (Deola), filha de Francisco Pergentino de Araújo e Antônia Araújo, com quem teve 3 filhos: Ana Lucia, Maria Silvia e José Peregrino de Araújo Neto.
Em Salvador, Firmino Ayres foi instrutor de voo na Escola da Aeronáutica dos Afonsos, no ano de 1943, quando era detentor da patente de 1º Tenente Aviador.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, na condição de Major-Brigadeiro do Ar, foi transferido para Base Aérea de Parnamirim, então localizada ao município de Natal (RN).
Neste período articulou a exibição em Patos da Esquadrilha da Fumaça, que se tornou uma das principais atrações da 1ª Festa Universitária.
O Brigadeiro Firmino Ayres sempre que vinha a Patos, fazia grandes piruetas em cima da cidade, principalmente na praça João Pessoa, área onde se encontrava situada a residência dos seus familiares. Os voos rasantes era a maneira de avisar a sua chegada. Pousava em Sousa ou Campina Grande e vinha de carro visitar Dona Marica, sua mãe que, nessas oportunidades se apegava a todos os santos e ao rosário pedindo proteção para o filho aviador.
Em 25 de maio de 1960, ele fez parte da comitiva da Força Aérea Brasileira, que representou o Brasil nas comemorações do Dia da Pátria em Buenos Ayres, na Argentina. Na ocasião, Firmino Ayres era coronel aviador e além dele, também integrava a comitiva, 30 cadetes do ar que estavam se formando na Escola Preparatória, no Rio de Janeiro.
No dia 15 de outubro de 1963, o oficial Firmino Ayres de Araújo foi agraciado com a Ordem do Mérito Aeronáutico.
Reformado com as vantagens do posto de Brigadeiro do Ar, Firmino Ayres de Araújo passou a residir em João Pessoa, onde exerceu as funções de Secretário de Segurança no Governo de João Agripino e Diretor do Porto de Cabedelo, no governo de Ernani Sátyro, vindo a falecer em 03 de maio de 1983.
[Fonte consultada: Rienzi Augusto (sobrinho do Brigadeiro)]