Quem vai definir o candidato da ‘3ª via’ será o próprio eleitor

By | 01/11/2021 8:01 am

A vitrine da ‘terceira via’

Mercado eleitoral anti-Lula e anti-Bolsonaro vai fazer a ‘seleção natural’ dos candidatos alternativos à Presidência

De acordo com a última pesquisa do Genial/Quaest, 55% dos eleitores ainda não escolheram, de forma espontânea, seu candidato à Presidência em 2022; Lula é o escolhido por 22%, enquanto Bolsonaro, por 17%. Todavia, o ex-presidente e o atual são rejeitados, respectivamente, por 43% e 65% dos eleitores. E, quando perguntados quem preferem que vençam as eleições, 30% respondem: “nem Lula, nem Bolsonaro”.

Portanto, há uma fatia expressiva no mercado eleitoral a ser disputada por uma candidatura alternativa aos dois polos rivais e que se retroalimentam.

Urna eletrônica
Urna eletrônica brasileira; próximas eleições acontecem em outubro de 2022. Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE

O problema para muitos é que, sendo os partidos “não polares” incapazes de se coordenar na escolha de uma só candidatura alternativa à de Lula e à de Bolsonaro, receia-se que uma pletora de candidatos de centro termine por reduzir a disputa à polarização entre Lula e Bolsonaro, que só a eles interessaria.

Mas esse cenário dificilmente acontecerá. Porque, diferentemente de 2018, é pouco provável que as eleições de 2022 tenham muitas candidaturas alternativas a presidente.

Partidos têm trajetórias distintas em presidencialismos multipartidários. Podem seguir a trajetória majoritária, lançando candidatos à Presidência, ou podem seguir uma trajetória legislativa. Enquanto a trajetória majoritária oferece os maiores retornos ao vencedor, gera os piores ao perdedor. Já a trajetória legislativa proporciona retornos intermediários entre os do vencedor e perdedor.

Partidos podem mudar de trajetória, mas tal mudança acarreta custos não triviais. O MDB é um bom exemplo desse paradoxo. Todas as vezes que perseguiu a trajetória legislativa, acumulou ganhos importantes ao conseguir ocupar a posição de “partido pivô”, independentemente de quem tenha sido o vencedor à Presidência. Por outro lado, todas as vezes que mudou de trajetória e lançou candidato à Presidência, foi não apenas derrotado nas eleições, mas também perdeu relevância dentro do próprio Legislativo.

A eleição de 2022 será bem distinta da eleição de 2018, que exibiu um cenário de terra arrasada proveniente dos sucessivos escândalos de corrupção e da forte recessão econômica das gestões petistas. Além do mais, não apresentava um candidato consolidado na dianteira, tampouco um incumbente concorrendo à reeleição. Esses elementos de 2018 estimularam partidos menores e de perfil legislativo a mudarem de trajetória e concorrerem à Presidência.

Com chances menores nas eleições de 2022, apenas os partidos que têm um “DNA majoritário” teriam reais condições de oferecer candidatos à Presidência, pois eles já estariam preparados a “empobrecer” em caso de derrota.

O número elevado de potenciais candidatos alternativos à Presidência no momento atual apenas reflete uma tentativa de os partidos cacifarem seus pretendentes na vitrine do mercado eleitoral anti-Lula e anti-Bolsonaro. Aquele que conseguir atrair maior competitividade arrefecerá o ímpeto dos demais. Quem estrategicamente vai definir o candidato da “terceira via” será o próprio eleitor.

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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