Aprovando a PEC deputados mostram que estão mais preocupados com os seus interesses e o povo que se lasque com inflação e desemprego

By | 04/11/2021 12:36 pm

PEC dos precatórios vira prévia de eleições de 2022 e ainda pode ter reviravolta no Congresso

Aprovado em primeiro turno na Câmara, texto pedala para anos seguintes o pagamento dos precatórios, mata o teto de gastos e abre espaço orçamentário para o programa eleitoral de Jair Bolsonaro e do Centrão

É no escurinho das madrugadas que as votações mais importantes acontecem na Câmara dos Deputados. Não foi diferente com a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, apelidada de PEC do calote.

Mas o dia amanheceu e a repercussão negativa contra a decisão dos deputados que carimbaram o apoio à proposta está ganhando proporções que os patrocinadores do texto não esperavam que acontecesse com tanta força.

Congresso Nacional
Congresso Nacional.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

O resultado da votação da PEC é um dos assuntos mais comentados. Virou praticamente uma prévia do debate das eleições presidenciais de 2022 depois que o PT e outros partidos de esquerda decidiram votar contra o texto que pedala para os anos seguintes o pagamento dos precatórios, mata o teto de gastos e abre espaço orçamentário para o programa eleitoral do presidente Jair Bolsonaro e do Centrão regado ao aumento de emendas.

PDT, que contribuiu com votos que faltavam para a aprovação da PEC, é o principal alvo das críticas. Ciro Gomes, o cacique do partido, suspendeu a sua candidatura como reação ao partido.

PSDB, dos presidenciáveis João Doria e Eduardo Leite, votou majoritariamente a favor junto com o DEM. O Podemos, de Sérgio Moro, deu 50% de apoio à PEC.

MDB ficou divido entre votos a favor, contrários e ausentes. Uma perna em cada lugar: nos votos contra (um pouco mais esticadinha), a outra nos votos a favor, e um braço alongado dos ausentes para ter o que negociar na votação do segundo turno.

Não colou o discurso do Centrão de que a PEC viabiliza a ajuda aos mais pobres com o novo Auxílio Brasil, uma “rampa de ascensão social” aos vulneráveis afetados pela covid-19.

Na base da ameaça de corte de emendas e promessas de mais emendas para 2022, caciques dos partidos governistas conseguiram virar os votos ontem para aprovar o texto com uma margem de folga de apenas quatro votos.

O medo da derrota ainda está no radar com a articulação política que continua para reverter os votos favoráveis. Diante do risco, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, tratou de ir para as redes sociais para dizer que a “votação continua na terça”. O plano era outro: entregar a fatura ainda hoje.

Pelo desmonte do teto de gastos, que a PEC consolida, e o risco de as despesas com precatórios se transformarem numa bola de neve para as contas públicas, essa é uma daquelas votações históricas, com os votos carimbados para sempre como um fantasma assombrando os parlamentares.

A votação escancarou a força da RP9, as emendas de relator do orçamento secreto, que pagou pelos votos dos deputados. O Centrão vai arrancar mais cargos do governo, a PEC pode até passar na Câmara, mas ainda tem que enfrentar o desafio do Senado.

A partida não terminou.

Nossa opinião

  • O resultado da votação mostra a quantidade de deputados que têm “o rabo preso” às promessas de verbas para seus redutos eleitorais. Ou seja, estão mais preocupados com os seus próprios interesses do que com o prejuízo que vão provocar na população como um todo, provocando inflação e desemprego. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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