Senadores propõem reformular PEC dos precatórios para evitar uso para reajuste a servidores

By | 17/11/2021 8:19 pm

Proposta prevê excluir do teto de gastos todo o valor de R$ 89 bilhões das dívidas judiciais e ‘carimbar’ R$ 64 bilhões para o Auxílio Brasil; para senadores, medida obrigaria governo a cortar gastos para aumentar salários de servidores

(Idiana Tomazelli, nO Estadão, em 17/11/2021)

Com críticas à PEC dos precatórios, três senadores do PSDB, Podemos e Cidadania apresentaram ao governo uma proposta alternativa à PEC dos precatórios. O texto mantém a fórmula de correção atual do teto de gastos, regra que limita o avanço das despesas à inflação, mas retira os R$ 89 bilhões em pagamentos de dívidas judiciais de seu alcance no ano de 2022.

Do espaço aberto, R$ 64 bilhões seriam carimbados para turbinar o Auxílio Brasil. Os senadores argumentam que o carimbo limitaria o uso da folga no Orçamento para outros gastos, incluindo o reajuste do salário de servidores prometido pelo presidente Jair Bolsonaro.

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A PEC hoje prevê a mudança no cálculo do teto de gastos, medida que sozinha abre R$ 45 bilhões para o Poder Executivo. Há ainda a proposta de criar um sublimite para o pagamento de precatórios, o que na prática adia a quitação de parte dessas dívidas. Essa outra medida liberaria mais R$ 44,6 bilhões.

O texto, porém, enfrenta forte resistência no Senado Federal, onde congressistas criticam o “calote” nos precatórios. A declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o espaço fiscal obtido com a PEC também serviria para conceder reajuste a servidores públicos azedou ainda mais o clima na Casa. O governo, então, deflagrou as negociações.

Fernando Bezerra
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra; negociação da PEC dos precatórios inclui vinculação mais clara de recursos à ampliação do Auxílio Brasil. Foto: Pedro França/Agência Senado – 17/11/2021

A emenda foi apresentada pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), José Aníbal (PSDB-SP) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), que entre ontem e hoje já se reuniram ao menos três vezes com Bezerra para discutir o conteúdo da PEC. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, lideranças da oposição já colheram assinaturas e devem protocolar nas próximas horas outra emenda substitutiva à PEC, em mais um indicativo das dificuldades do governo.

Apesar dos obstáculos, Bezerra não descarta ainda votar a PEC que já foi aprovada na Câmara. “Estamos animados com possibilidade de votar a PEC 23 aprovada na Câmara”, disse o líder, que garante ter os 49 votos necessários para uma mudança constitucional avançar no Senado. Mais cedo, ele contabilizou ter 51 ou 52 senadores favoráveis.

Por outro lado, o próprio líder já reconheceu que o governo tem preferência por um acordo, caso possível, pois isso ampliaria o apoio ao texto. “Vamos fazer um esforço na análise da proposta que foi apresentada”, disse Bezerra.

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Pela emenda dos três senadores, o espaço fiscal aberto em 2022 seria de R$ 89 bilhões, exatamente o montante de despesas com precatórios, que ficariam fora do teto no ano que vem. Desse valor, R$ 64 bilhões seriam destinadas ao Auxílio Brasil, e o restante a outras despesas com seguridade social. As emendas de relator seriam extintas pelo texto.

Como o dinheiro carimbado para o Auxílio Brasil, o governo seria obrigado a cortar outras despesas, caso queira avançar em medidas como reajuste a servidores, aumento do fundo eleitoral prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores.

“Esta mudança assegura em 2022 um espaço de cerca de 89 bilhões de reais, o que representa a correção integral dos benefícios previstos no Projeto de Lei Orçamentária de 2022 e o auxílio de R$ 400 para cerca de 21 milhões de brasileiros. Outrossim, garante o pagamento integral dos precatórios previstos para 2022”, diz o texto da emenda.

A partir de 2023, ficariam de fora do teto de gastos apenas os precatórios decorrentes de condenações relacionadas a despesas já excepcionalizadas do limite (como o fundo de educação básica, antigo Fundef e hoje Fundeb), os parcelamentos, os expedidos em função de acordo para encerrar o litígio judicial ou ainda aqueles quitados por outros meios, como encontro de contas ou compra de imóveis públicos pelo credor da dívida judicial.

“A proposta de senadores o deixaria sublimite de precatórios para 2023”, disse Bezerra, ressaltando que o governo diverge neste ponto, embora o espaço fiscal aberto seja semelhante ao da proposta aprovada na Câmara (R$ 91,6 bilhões).

“Os senadores entendem que é importante garantir o pagamento de precatórios. O governo entende que é importante ter melhor gestão do pagamento de precatórios”, afirmou. Segundo ele, há a informação de que créditos líquidos e certos e que estão a caminho de se tornarem precatórios poderiam somar mais de R$ 1 trilhão. “É uma despesa que requer ação urgente, dura e séria, com esforço de coordenação entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Precisamos ter medidas assertivas para enfrentar situação”, afirmou.

Segundo Bezerra, há “grupo expressivo” no Senado que defende o modelo do governo, com subteto para os precatórios, mas o líder não citou nomes. Ele afirmou que o governo e o grupo que apresentou a emenda alternativa devem ter nova reunião amanhã pela manhã.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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