Bolsonaro estável, Lula e Moro em alta: veja como está a popularidade digital

By | 22/11/2021 8:16 am

Levantamento da consultoria Quaest aponta avanço de petista e ex-juiz; tensão com prévias do PSDB foi insuficiente para alavancar tucanos

Em fase morna nas redes sociais e ofuscado por novos fatos na corrida eleitoral de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ficou estável em popularidade digital, segundo ranking da consultoria Quaest, mas manteve a dianteira entre a última semana de outubro e a primeira quinzena deste mês.

No balanço mais recente do IPD (Índice de Popularidade Digital), Bolsonaro só foi derrubado da liderança no penúltimo dia do período analisado. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao topo na segunda-feira (15), com 1,87 ponto de vantagem. Na terça (16), tinha 63,9 pontos, contra 57,9 do rival.

Montagem com rostos de Bolsonaro, Lula e Moro
Bolsonaro, Lula e Moro – Ueslei Marcelino/Reuters, Marlene Bergamo/Folhapress e Evaristo Sá/AFP

O levantamento mostrou ainda um crescimento da pontuação do ex-juiz Sergio Moro em meio ao evento para sua filiação ao Podemos, que confirmou a entrada no páreo eleitoral. Ele encostou no ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e, na terça-feira, quando o relatório foi concluído, estava em terceiro lugar.

A métrica do IPD avalia, desde 2019, o desempenho de personalidades da política nacional nas plataformas Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Wikipedia e Google. A performance é medida em uma escala de 0 a 100, na qual o maior valor representa o máximo de popularidade.

São monitoradas seis dimensões nas redes: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamento das postagens), valência (reações positivas e negativas às postagens), presença (número de redes sociais em que a pessoa está ativa) e interesse (volume de buscas no Google, YouTube e Wikipedia).

Em suma, o quadro revelado agora pela Quaest reflete em parte as últimas pesquisas de intenção de voto. Bolsonaro e Lula são os que têm maior destaque no IPD neste momento, com leve vantagem para o atual ocupante do Planalto, dono de um histórico mais consolidado nas redes.

O mandatário, que esteve perto de bater o martelo sobre sua filiação ao PL, preservou seus índices no ranking mesmo após a informação de que estava “99% fechado” com a legenda do centrão, conforme o próprio anunciou no dia 8. Após reviravoltas, o ingresso dele na sigla ficou em suspenso.

Bolsonaro se manteve na casa dos 58 pontos, apesar do cenário de enfraquecimento político, com a pauta do governo estacionada no Congresso e o agravamento da crise social, com inflação disparadadescontrole nos preços de combustíveis e previsões econômicas pessimistas.

Apesar do mau estágio, o presidente desfruta de posição confortável no histórico do índice de popularidade desde 2019. Bolsonaro é, entre os presidenciáveis e atores políticos, quem tem o maior IPD médio, embora sua liderança seja ameaçada por oponentes em algumas ocasiões.

Já o petista, que nas sondagens de voto para 2022 lidera as preferências, encontra terreno instável no ambiente digital. A recente subida detectada no IPD coincide com a repercussão da viagem dele a países da Europa, iniciada no dia 11 e recheada de encontros com líderes políticos da região.

O maior salto na pontuação ocorreu na segunda-feira passada, quando Lula discursou no Parlamento Europeu, ao participar da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social-democrata. O petista ganhou 12 pontos em relação ao dia anterior e virou o líder.

Redes sociais de presidenciáveis foram analisadas pela consultoria Quaest para montar o IPD (Índice de Popularidade Digital) – Adriana Toffetti – 16.out.2020/A7Press

Para o cientista político Felipe Nunes, que é diretor da Quaest e responsável pelo IPD, Bolsonaro tem se beneficiado, de certa maneira, da recente mudança de tom nas redes, provavelmente em consequência do cerco a contas dele pelas plataformas e da remoção de conteúdos com desinformação.

“Esse estilo mais calado está contribuindo para mantê-lo no pelotão de cima, mas sem grandes volatilidades, como costumava acontecer com ele no IPD nos últimos tempos”, diz.

No caso de Lula, Nunes avalia que a repercussão majoritariamente positiva do giro europeu está relacionada à elevação de pontuação, mas é preciso esperar para ver se o petista será capaz de sustentar o desempenho quando estiver com exposição menor ou sob ataques.

No dia 5, pouco antes de desembarcar na Europa, o ex-presidente estava em seu pior momento no último período observado pelo IPD (outubro/novembro), com 36,1 pontos. Seu resultado iniciou então uma trajetória de alta, que culminou na marca de 63,9 no dia 15 —uma diferença de 27,8 pontos.

Fora da rixa polarizada no topo do gráfico, a novidade é o fôlego tomado por Moro, com uma dimensão agora comparável à de Ciro. O ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro cresceu na época em que confirmou sua entrada formal na política.

O pré-candidato ao Planalto, que aderiu ao Podemos no último dia 10 com discurso de pré-candidato à Presidência, fechou o período considerado pela Quaest com 30,7 pontos, à frente dos 28,9 pontos do pedetista, que se mantinha firme nesse patamar graças a uma estratégia forte nas redes.

“Moro assumiu a terceira colocação no IPD e teve uma evolução considerável, principalmente se lembrarmos que no dia 25 de outubro a pontuação dele era de 17,2. Sua candidatura tem chamado a atenção e gerado engajamento e mobilização digital”, analisa Nunes.

Doria e Leite, por outro lado, “não empolgam”, observa o diretor da Quaest.​ Os dois tucanos concorreram neste domingo (21) na votação interna para escolher o pré-candidato do PSDB ao Planalto e tiveram uma intensa visibilidade nas últimas semanas, com fartas ações para valorizar seus passes.

Apesar da movimentação, o paulista ficou em nível próximo dos 20 pontos, ora caindo ao nível dos 15. Encerrou o período, na terça (16), com 18,4 pontos, empatado com o gaúcho e seus 18 pontos. Leite vinha de uma sequência levemente mais vantajosa —teve pico de 25 pontos—, mas recuou.

Moro, Doria, Leite e Ciro competem pelo eleitorado que deseja a chamada terceira via, ou seja, uma candidatura alternativa a Lula e Bolsonaro. Os três primeiros tentam se cacifar como forças da centro-direita, enquanto o quarto é ligado à centro-esquerda, mas também busca aliança mais ampla.

O IPD monitorou ainda o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que migrou do DEM para o PSD a convite do ex-ministro Gilberto Kassab, interessado em lançá-lo candidato à Presidência. Pacheco tem presença tímida no meio digital e é pouco conhecido do eleitorado, o que pesou em sua nota.

O senador tinha 13,7 pontos no dia do fechamento do relatório do IPD, uma queda de 10 pontos em relação ao que atingiu em meados de outubro, logo após confirmar sua mudança de partido.

Nossa opinião

Chamamos a atenção para o fato que aqui não se trata de uma pesquisa de opinião pública. Trata-se de uma análise da repercussão que atos e fatos ligados aos diversos candidatos obtêm na imprensa e nas redes sociais. Claro que esta repercussão midiática pode se refletir na performance dos candidatos na futura campanha política, visando a Presidência da República.

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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