(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado)
O dito popular usado pelo saudoso prefeito José Cavalcanti se encaixa bem no momento político da Paraíba.
Foi anunciada, nas últimas horas, uma provável chapa de situação que tem tudo para ganhar as próximas eleições. A chapa teria João Azevedo, candidato à reeleição como governador, Romero Rodrigues, como candidato a vice, e o ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima, como candidato a senador.
Diante de uma chapa tão forte, a desarvorada oposição paraibana dificilmente teria condições de montar uma chapa competitiva. Quem seria o candidato a governador, Veneziano? Quem seria o candidato a senador, os escanteados Aguinaldo Ribeiro ou Efraim Filho, áulicos de João Azevedo?
Segundo se comenta por aí afora, o grande problema da oposição é de onde tirar o dinheiro para financiar a campanha, enfrentando a “caneta” de João Azevedo. Este seria o motivo pelo qual o grupo Cunha Lima, o mais forte de uma pretensa oposição, até agora não tinha se pronunciado sobre que posição política adotar nas eleições do próximo ano. Nas eleições anteriores de que participou, Cássio Cunha Lima sempre teve facilidade em conseguir financiamento de empresários amigos, sempre dispostos a gastar dinheiro nas campanhas políticas, de olho em futuras obras e outros investimentos. Situação que mudou quando a Justiça proibiu o financiamento por empresas.
Agora, além de o financiamento privado ser limitado, o Ministério Público e a Justiça estão muito mais atentos e estas vantagens futuras e os” caixa dois” estão ficando muito mais perigosos.
Você poderia dizer: “e o dinheiro do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, não aumentou tanto?” Claro. Só que a briga por estes recursos é tão acirrada porque as campanhas de deputados e senadores são cada vez mais caras e uma campanha para governador e senador fica muitas vezes mais caras. E os deputados e senadores que não constassem das chapas majoritárias, iriam querer garantir as suas próprias campanhas. E é até por isso que nas discussões dos projetos que tramitam no Congresso esta é a maior preocupação dos parlamentares. Aumentar aqueles fundos e o volume das emendas parlamentares, que no fim também servirão para financiar as suas cada vez mais caras campanhas.
Talvez a única chance que teria a oposição de apresentar uma chapa majoritária competitiva seria unir o MDB de Veneziano, o PL de Wellington Roberto e o PP de Aguinaldo Ribeiro. Estes últimos se quisessem oferecer um palanque, mesmo que sem exclusividade (já que temem confrontar Lula), ao seu adversário Bolsonaro. Com isso poderiam até conseguir um financiamento adicional para a campanha local.
Embora ache difícil formarem uma chapa de oposição à pretensa chapa de Azevedo/Romero/Cássio, temos que esperar até mais à frente para ver. Mas Bolsonaro talvez não tenha interesse numa chapa acachapante em favor de Lula na Paraíba e incentive uma chapa competitiva de oposição.
Nas últimas horas surgiu a informação de que a atual vice-governadora Lígia Feliciano encabeçaria uma chapa de oposição. Como Lígia foi vice no segundo mandato de Ricardo Coutinho e é atual vice de João Azevedo, não poderia mais ser candidata a vice. O fato de antes de haver um anúncio do PDT de que Lígia seria candidata, João Azevedo já ter garantido na imprensa que Lígia seria candidata provocou a suspeita em determinados meios políticos de que a candidatura de Lígia seria patrocinada por João Azevedo, como forma de desestimular outras candidaturas mais fortes na oposição.