O que importa é gastar, gastar e gastar para reeleger Bolsonaro

By | 23/11/2021 8:13 am

Crescimento baixo, inflação alta

O mundo inteiro sofreu com a pandemia, mas no Brasil há outros fatores, como a disparada dos juros e as incertezas fiscais com o estouro do teto de gastos

(Eliane Cantanhêde, colunista dO Estadão, em 23/11/2021)

Imagem Eliane Cantanhêde

A sucessão presidencial de 2022 começou, com Lula na frente, Bolsonaro ainda sem partido, Ciro vacilando, Sérgio Moro surpreendendo e os tucanos passando vexame. Mas a grande questão nacional, a crise econômica e social, ainda não entrou na pauta.

Assim como o presidente Jair Bolsonaro diz ao mundo que a Amazônia “é uma floresta úmida que não pega fogo”, seu Posto Ipiranga falido, Paulo Guedes, diz que a economia brasileira está crescendo “acima da média mundial”. Uma competição de inverdades.

Inflação
Mulher faz compra em supermercado de Brasília; a inflação é um problema global pós-pandemia Foto: Dida Sampaio/ Estadão – 10/9/2021

Na realidade – e o governo já sabia disso antes da COP 26 –, as queimadas na Amazônia batem recorde em cima de recorde e o Brasil está a caminho de ser o lanterninha do crescimento econômico entre os países emergentes. É candidato a destruidor-mor do ambiente e da economia.

O mundo inteiro sofreu com a pandemia, mas no Brasil há outros fatores, como a disparada dos juros e as incertezas fiscais com o estouro do teto de gastos. As estimativas das agências variam de 0,8% a 1,9% e a do FMI fica no meio do caminho, em 1,5%.

Para os países emergentes, segundo reportagem do Estadão, a previsão média está em 5,1% e, depois do Brasil, os piores horizontes são da África do Sul, com 2,2%, e Argentina, com 2,5%.

Crescimento baixo com inflação alta é o pior dos mundos: menos produção, menos serviços, menos emprego e renda e… preços mais altos. As pessoas perdem emprego e renda, mas pagam mais, por exemplo, pela cesta básica. O pobre se torna miserável, vem a fome.

A inflação é um problema global pós-pandemia. Até nos EUA, onde esse era um não-assunto, ela é a maior desde 1990. Mas no Brasil atinge 10,7% em 12 meses e, também segundo o Estadão, são muito poucos os países com índices de dois dígitos. É isso, ou como sair disso, que candidatos, partidos e Congresso deveriam estar discutindo a sério, já que não dá para esperar muito da dupla Bolsonaro-Guedes e o governo não está nem aí para responsabilidade fiscal, crescimento e inflação.

O que importa é gastar, gastar e gastar para reeleger o presidente.

Afora Ciro Gomes, que sempre bateu na tecla do desenvolvimento, mas patina nas pesquisas e anda sumido, ou Sérgio Moro, que jogou José Affonso Pastore na linha de frente do debate econômico, até para não ficar no samba de uma nota só (corrupção), não se vê empenho em debater o que interessa.

Bolsonaro é Bolsonaro. Lula acena com crescimento e inclusão, mas as condições de 2023 não serão as de 2003. E o candidato do PSDB, seja quem for, tem os mais brilhantes economistas do País desde o Plano Real, mas não tem identidade, rumo e união.

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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