As tarefas de Doria

By | 30/11/2021 12:36 pm

Presidenciável terá de unir o PSDB, mostrar-se viável e apresentar um programa

O governador de São Paulo, João Dória, vencedor das prévias do PSDB – Pedro Ladeira/Folhapress

Dirigentes do PSDB encararam com alívio a conclusão do turbulento processo de escolha do candidato da sigla à Presidência, no sábado (29). Com a superação das prévias, o partido deixa para trás uma fonte de desgaste interno, mas também se vê obrigado a reconhecer que mal começou a enfrentar o desafio de 2022.

A contenda deu a João Doria o direito de concorrer ao Palácio do Planalto. O governador paulista aparece na casa dos 5% das intenções de voto nas pesquisas, com índices de rejeição comparáveis aos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera a corrida.

Seria exagero dizer que as prévias criaram novas dificuldades para o PSDB. O processo —saudável, ressalte-se— expôs conhecidas divisões internas e reforçou a imagem de uma legenda que ainda hesita diante do bolsonarismo.

O mineiro apoiava o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e era apontado como o principal articulador de um movimento para derrotar o paulista. No início do processo, Aécio chegou a dizer que uma candidatura de Doria levaria o PSDB ao isolamento.

Ainda no sábado, Doria afirmou à Folha que havia convidado Leite para integrar o comando de sua campanha ao Planalto. Mais que a montagem de um comitê político, o gesto foi uma tentativa de evitar que o concorrente se tornasse um rival. O gaúcho, entretanto, rejeitou publicamente o convite.

Discordâncias internas também deixaram em segundo plano, até aqui, a elaboração de um programa que reflita os princípios da sigla. Por mais de duas décadas, o PSDB ocupou espaços eleitorais com um projeto que buscava se contrapor à plataforma do PT. Agora, os tucanos não estão mais sozinhos.

Em 2018, perderam eleitorado para Jair Bolsonaro. Na largada para a próxima campanha, a sigla vê esses territórios disputados pelo presidente e por outros candidatos identificados com algumas de suas bandeiras, como é o caso do ex-juiz Sergio Moro (Podemos).

Não há espaço para todos eles no segundo turno —um cenário que amplia os apelos pela unificação de candidaturas com o rótulo da terceira via. Largando atrás na corrida, os tucanos se veem forçados a deixar a porta aberta para apoiar um candidato mais competitivo.

A escolha de Doria como candidato sugere que o partido tentará equilibrar a recuperação de seus votos com uma posição abertamente crítica a Bolsonaro. Em busca de recuperação, os tucanos têm dez meses para mostrar ao eleitor uma proposta consistente, numa disputa que deve ser pesada.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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