Ou o PSDB fecha com Doria e a terceira via ou vai virar história em 2022

By | 30/11/2021 8:10 am

Doria, neófito na sigla e na política e com rejeição alta, tem uma missão desafiadora de unir a tucanada

Eliane Cantanhêde, colunista dO Estadão, em 30/11/2021)

Imagem Eliane Cantanhêde

A sucessão presidencial vai ganhando forma e nomes e a definição do governador João Doria como candidato do PSDB é um novo fator relevante, pela tradição do partido e a determinação do candidato, mas há uma forte divisão e uma corrida de obstáculos.

Começou com o fiasco das prévias, que jogaram luzes não no PSDB e em Doria, mas na incompetência da votação, na guerra interna, que não é novidade, e nas fragilidades dos candidatos, que ficaram mais em evidência do que as qualidades.

joão doria
Governador de São Paulo, João Doria, comemora vitória nas prévias do PSDB; tucano obteve 54% dos votos – passou raspando.  Foto: Gabriela Biló/ Estadão

Doria bateu o também governador Eduardo Leite por 54% a 45%, ou seja, sai das prévias com um partido dividido exatamente ao meio e com um histórico de ciúmes e guerras internas entre os paulistas e, por fim, entre paulistas e o mineiro Aécio Neves. Como unir os cacos agora?

Todos tinham profunda ligação com o PSDB, o que não é o caso de Doria, neófito no partido e na política e com rejeição alta, o que torna sua missão de unir a tucanada ainda mais desafiadora. Alckmin já está fora, Aécio detesta Doria, Tasso Jereissati não vai com Doria. E não está sozinho.

Por outro lado, Doria teve vitórias surpreendentes: para a Prefeitura de São Paulo num inédito primeiro turno e para o Palácio dos Bandeirantes, embalado, diga-se, pelo “BolsoDoria”. E tem a alavanca de São Paulo e o trunfo de ter saído na frente na vacinação contra covid. Isso, ninguém tira dele.

O obstáculo seguinte é a disputa pela raia da terceira via, para lá de congestionada e com o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro largando bem. Doria, Moro e Luiz Henrique Mandetta ensaiaram um acordo: quem tiver mais chance arrasta os outros.

Se fosse hoje, o acordo favoreceria Moro, mas isso é coisa para meados de 2022 e, sabem como é, acordo em política tem validade curta, como a memória do eleitor. Mais: é coisa de Doria, não do PSDB.

E, se Doria passou raspando pelas prévias e enfrenta uma pedreira para ultrapassar Moro e Ciro Gomes para ser o “candidato de centro”, o pior vem depois: a eleição. Treino é treino, jogo é jogo.

Há uma muralha até o segundo turno, com o ex-presidente Lula favorito nas pesquisas e o presidente Jair Bolsonaro com a caneta. Nenhum presidente perdeu a reeleição desde 1998. Nem Dilma Rousseff, alvo de impeachment logo depois.

Para o PSDB, está em jogo não só uma eleição, mas o seu futuro. Nocauteado em 2018, perde seus líderes, sua cara e sua alma e tem duas opções: ou cerrar fileiras para o que der e vier com Doria e depois com Moro e os demais na terceira via, ou dispersar, fechar o livro e virar história.

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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