PF faz operação contra deputado do PL por desvios relacionados a emendas

By | 01/12/2021 1:06 pm

(Breno Pires, nO Estdão, em 01/12/2021)

 

O deputado Josimar de Maranhãozinho. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

A Polícia Federal cumpre na manhã desta quarta-feira, 1º, mandados de busca e apreensão em quatro municípios do Maranhão, em investigação sobre desvio de verbas de prefeituras relacionadas a emendas parlamentares. O alvo é o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA).

A autorização partiu da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, que também é relatora de ações que pedem o fim das emendas de relator-geral, base do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão em maio.

Segundo o Estadão apurou, os mandados estão sendo cumpridos nos municípios de Zé Doca, Maranhãozinho, Carutapera e na capital do Estado, São Luís. A prefeita de Zé Doca, Josinha Cunha, é irmã do deputado federal Josimar Maranhãozinho. O caso tramita sob sigilo.

De acordo com investigações da PF, a relação de parentesco e ligações pessoais de Maranhãozinho com prefeitos e secretários municipais fazem parte do modus operandi para desvio de dinheiro em áreas como saúde e infraestrutura. A operação de hoje, segundo pessoas envolvidas com o caso, está relacionada à infraestrutura.

Há pelo menos dois inquéritos sigilosos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o esquema, batizado de “feirão das emendas” por deputados e assessores. A suspeita é de que parlamentares cobram comissão para indicar recursos do Orçamento a uma determinada prefeitura. O dinheiro seria pago por empresas interessadas nas obras e serviços ou pelo próprio agente público.

No caso de Maranhãozinho, ele já havia sido alvo da Operação Descalabro, deflagrada em dezembro. Na ocasião, a PF apontou que ele indicou um total de R$ 15 milhões em emendas para fundos de saúde controlados por prefeituras maranhenses, que, por sua vez, firmaram contratos fictícios com empresas de fachada em nome de laranjas. O destinatário final do dinheiro, de acordo com a investigação, seria o próprio deputado.

“Posteriormente essas empresas efetuaram saques em espécie e o dinheiro era entregue ao deputado, no seu escritório regional parlamentar em São Luís”, afirma relatório da PF sobre a operação de dezembro.

Como desdobramento da Operação Descalabro, um novo inquérito foi aberto, em maio. Desta vez, além de Maranhãozinho, mais dois deputados e um senador são alvo. Os nomes dos outros parlamentares não foram revelados.

Em uma das investigações, a PF encontrou papéis com nomes de parlamentares e menções a possíveis pagamentos de propina pela destinação de emendas parlamentares. O caso teve origem em denúncia feita pelo ex-prefeito de São José de Ribamar (MA), Eudes Sampaio, que se disse ameaçado por agiotas que buscavam obter porcentuais de recursos transferidos para a prefeitura.

CGU também investiga

Em outubro, o ministro da Controladoria-Geral da UniãoWagner Rosário, admitiu, em audiência na Câmara, “não ter dúvida” de que há corrupção envolvendo recursos federais indicados por parlamentares via emendas. Ao ser questionado sobre o orçamento secreto, esquema montado pelo governo de Jair Bolsonaro para aumentar sua base eleitoral no Congresso, Rosário afirmou que sua pasta e a PF investigavam a venda de emendas e que, “em breve”, deveria haver novidades.

A ação da Polícia Federal ocorre um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro se filiar ao partido de  Maranhãozinho, o PL. O deputado tem relação próxima com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, condenado pelo esquema do mensalão, quando fazia parte de base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Procurada, a defesa de Maranhãozinho disse que não se manifestaria porque não teve acesso à decisão que autorizou a operação de hoje.

Nossa opinião

Este esquema de cobrança de comissão pelas emendas parlamentares que destinam aos seus redutos políticos é muito antigo. É através dele que os parlamentares recuperam os milhões de reais que gastam em cada campanha eleitoral, quando gastam para se eleger muito mais do que a remuneração que vão receber pelo exercício do mandato. Em tese eles recebem menos de um milhão de subsídio, durante os quatro anos, como é que alguns gastam cinco/dez milhões numa campanha para se eleger. O esquema, como todo mundo sabe, é o seguinte. O parlamentar destina determinada emenda para um município que o utilizará na compra de um equipamento ou na execução de uma obra. A empresa que vai executar a obra ou vender o equipamento já inclui no valor da licitação um determinado valor que se destinará para o prefeito e/ou para o deputado/senador que destinou a emenda parlamentar.  Esta prática á antiga. Já ouvíamos falar nela há mais de cinquenta anos, quando começamos a trabalhar no Banco do Brasil e conversávamos com os prefeitos. Há uns vinte anos, conversando com um prefeito da região de Patos, de quem reclamávamos da empresa que ee que executava a obra e não estava pagando os direitos dos trabalhadores o prefeito se desculpava dizendo que o deputado federal em quem votara é que tinha escolhido a empresa.  (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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