Sabatina de Mendonça no Senado vira aposta de risco para o Planalto

By | 01/12/2021 7:42 am

Nome ‘terrivelmente evangélico’ indicado por Bolsonaro para o Supremo precisa de ao menos 41 votos; placar ‘Estadão’ mostra que ele tem 29 apoios declarados na Casa

A sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) virou uma prova de fogo para o Palácio do Planalto. Marcada para hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o teste de Mendonça – que também passará pelo crivo do plenário da Casa – tem desfecho imprevisível. Quatro bancadas no Senado (MDB, PSD, Podemos e PSDB) vão liberar os parlamentares para que votem como quiser.

Indicado em julho pelo presidente Jair Bolsonaro como o nome “terrivelmente evangélico” para ocupar uma cadeira no Supremo, Mendonça precisa de pelo menos 41 do total de 81 votos para ter o nome aprovado pelo plenário do Senado. A votação é secreta. O placar atualizado do Estadão sobre a segunda indicação de Bolsonaro para o Supremo – o primeiro foi Kassio Nunes Marques, aprovado em outubro do ano passado – mostra que o ex-advogado-geral da União, antes ministro da Justiça, chega ao dia de sua sabatina com 29 apoios declarados. Em agosto, eram 25 e em julho, 26.

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O ex-advogado geral da União André Mendonça chega ao dia de sua sabatina com 29 apoios declarados; para chegar ao STF, ele precisa de pelo menos 41 do total de 81 votos para ter o nome aprovado pelo plenário do Senado. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Quando o recorte é feito apenas com os senadores que compõem a CCJ, responsável pela sabatina e primeira votação, o total de apoios cai a 13. Para passar pelo crivo do grupo, Mendonça precisa de um voto a mais, já que são 27 os parlamentares que formam a comissão.

Sob pressão do governo e do Judiciário – o STF está com um ministro a menos desde julho, quando Marco Aurélio Mello se aposentou –, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cedeu e agendou a sabatina, que dá início ao rito. Alcolumbre agia para emplacar na Corte outro nome: o do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Mesmo que a indicação de Mendonça seja rejeitada pela comissão, ela segue para o plenário, que dá a palavra final. Conforme o placar Estadão, 46 dos 81 senadores não quiseram dizer como pretendem votar.

Pastor da Igreja Presbiteriana Esperança, de Brasília, Mendonça intensificou nesta terça-feira, 30, a campanha em busca de apoio. Evangélicos de várias denominações percorreram todos os gabinetes em busca de votos para ele. Era o Dia do Evangélico. À noite, eles se reuniram com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, e fizeram uma oração. 

Na cerimônia de filiação ao PL na terça-feira, Bolsonaro defendeu a aprovação do nome de Mendonça e disse que “alguns extrapolam” na Praça dos Três Poderes. Era uma referência indireta ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator de inquéritos como o das fake news, que têm Bolsonaro e seus aliados como alvo. “Mas essa pessoa vai ser enquadrada, vai se enquadrando, vai vendo que a maioria somos nós”, argumentou. “Nós aqui, que temos votos, é que devemos conduzir o destino da nossa nação”.

Desde que assumiu o governo, em 2019, a relação do presidente com a Corte foi marcada pelo confronto. Por causa da demora na sabatina do nome indicado por Bolsonaro, o STF está hoje desfalcado: embora tenha 11 ministros, desde julho funciona com dez.

Os líderes das três maiores bancadas do Senado – Eduardo Braga (MDB-AM), Nelsinho Trad (PSD-MS) e Alvaro Dias (Podemos-PR), que reúnem 37 parlamentares – liberaram o posicionamento dos senadores. Líder de um grupo com seis parlamentares, Izalci Lucas (PSDB-DF) foi outro que decidiu liberar o voto. “Depois da sabatina, cada um vota com sua consciência”, afirmou.

Dos partidos que dão sustentação ao governo Bolsonaro, o núcleo duro do Centrão – composto por PL, Republicanos e Progressistas – deve dar a maioria dos votos a favor da indicação. As três legendas do Centrão somam 13 senadores.

Vice-líder do Progressistas, o senador Luiz Carlos Heinze (RS) disse que o partido vai auxiliar para que a indicação de Mendonça seja confirmada. “Vamos fazer um empenho para poder fechar essa votação. O próprio Ciro tem se empenhado nesse assunto pela Casa Civil”, afirmou, numa referência ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. A líder da bancada do Progressistas, Daniella Ribeiro (PB), informou a Mendonça, no entanto, que não haverá orientação de voto.

A relatora da indicação de Mendonça para a vaga no Supremo é a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), evangélica. /LAURIBERTO POMPEU, JULIA AFFONSO, ADRIANA FERRAZ, NATALIA SANTOS, MARIA MIQUELETTO, GUSTAVO QUEIROZ, DAVI MEDEIROS, MARCELO GODOY e EDUARDO GAYER

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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