Presidente promete indicar mais evangélicos ao STF e derrete pela boca enquanto faz campanha eleitoral antecipada
Na manhã desta segunda-feira (6/12), em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que não é possível falar que seu governo não tenha corrupção. O mandatário, entretanto, reafirmou que qualquer denúncia será investigada.
O que poderá salvá-lo de uma derrota humilhante e inédita para um presidente em reeleição é a força, a grana e o tempo de televisão que partidos como PP, PL e PRB empregarão na campanha dele. E ai de Bolsonaro se perder o apoio dessa turma.
Ao filiar-se ao PL, Bolsonaro virou aquilo que sempre foi: um político fisiológico em busca de sobreviver a qualquer custo. Só que agora ele saiu do armário de onde estava escondido nos últimos anos para fingir que era o diferentão, a nova política.
A semana começou com a campanha do candidato à reeleição Jair Bolsonaro a todo vapor. Na segunda-feira, ele aproveitou o cercadinho com seus eleitores fieis e uma mídia escolhida a dedo para fazer ataques ao concorrente Sérgio Moro e promessas ao eleitor evangélico.
Ao ser perguntado se indicaria mais evangélicos para o Supremo Tribunal Federal, não perdeu a chance de fazer campanha: “Se eu for candidato e for reeleito, a gente bota mais dois no início de 2023 lá [no STF]”, – prometeu.
A campanha escancarada de um presidente que jamais governou e usa a máquina pública para se proteger e tentar a reeleição não foi feita apenas na porta do Palácio do Alvorada. Uma fala de Bolsonaro, no domingo, sobre a queda no preço da gasolina também mirou os eleitores.
A Petrobras precisou soltar, ontem, um comunicado para explicar que não antecipa decisões sobre reajustes de preços. E a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, uma espécie de xerife do mercado financeiro, investigará se vazaram informações para o Bolsonaro.
Pelo menos dessa vez a fala irresponsável do presidente não trouxe consequências graves para o mercado, que parou de dar ouvidos a ele e passou a tratá-lo como bravateiro ou piadista. Não levar o Bolsonaro a sério é melhor para os interesses do Brasil.
Hoje, terça-feira, Bolsonaro voltará a fazer campanha. É o que fez há três anos. Que volte a dizer, como na segunda-feira, que não pode garantir “não haver corrupção” em seu governo. O Brasil está rachado de vergonha com Bolsonaro. Que ele derreta pela boca.